Nesses dias de baixa umidade relativa, tenho visto a imprensa fazer alguns comentários que certamente confundem as pessoas. Então nesse post, selecionei cinco fatos sobre a umidade relativa. Caso haja alguma dúvida sobre o assunto, mandem perguntas pelos comentários.
1) A umidade relativa, quando muito baixa, pode prejudicar a saúde. Irritações nas mucosas, alergias, problemas respiratórios, dores de cabeça, etc. Muitos sintomas são descritos pelos pacientes. Por essa razão, a Organização Mundial da Saúde recomenda uma série de medidas para melhorar um pouco a qualidade de vida e evitar problemas de saúde maiores. Veja mais aqui.
2) A umidade relativa, quando muito elevada, também pode prejudicar a saúde e o bem-estar. Sabe aquelas semanas em que chove constantemente por 1 semana? E quem é dona de casa, sabe que as roupas mal secam em dias assim. Minha mãe costumava lavar meus tênis e uniforme escolar e colocá-los atrás da geladeira. Talvez se você for muito novo e estiver lendo isso não vai entender, mas os modelos de geladeira antigos esquentavam bastante atrás e tinham uma grade que possibilitava esse uso alternativo, embora não fosse recomendado! E a umidade relativa muito elevada pode prejudicar a saúde pois ajuda na proliferação de alguns tipos de bactérias e fungos.
3) A umidade relativa varia ao longo do dia: é importante dizer isso. Vejo a imprensa falar em baixos valores o tempo todo e muitas pessoas acham que aquele valor baixo, por exemplo 12%, persiste ao longo de todo o dia. Não é isso que acontece. O valor de mínima umidade relativa acontece de tarde, mais ou menos no mesmo horário de máxima temperatura.
A umidade começa a diminuir por volta das 11h, atinge um valor mínimo por volta das 15h-16h e volta a subir por volta das 18h. E esse ciclo ocorre em praticamente todos os lugares. A umidade relativa depende da temperatura. Quanto maior a temperatura, maior a capacidade do ar em reter vapor d’água. Como a umidade relativa consiste na quantidade de vapor d’água presente no ar dividida pela capacidade de vapor d’água que o ar pode suportar em uma determinada temperatura e essa capacidade é maior quando a temperatura é maior.
Ao longo de um dia, a temperatura chega ao seu valor máximo por volta das 14h-16h e que portanto coincide com o horário de baixa umidade relativa. Veja a figura abaixo, mostrando a variação de temperatura e umidade relativa ao longo de todo o dia 21/08/2012. O valor mínimo de umidade relativa chegou a 14%, aproximadamente na hora em que o gráfico de temperatura (linha vermelha) estava em sem ponto máximo.
Em cidades relativamente próximas ao litoral, a brisa marítima pode penetrar na cidade no final da tarde e isso fará com que a umidade relativa que iria aumentar de qualquer maneira, aumente ainda mais. A brisa traz consigo a umidade do oceano.
Para saber mais sobre o cálculo da umidade relativa, clique aqui. No item ‘1.Geral’ deste item, há outras informações sobre umidade relativa.
4) Pelas razões explicadas no item 3), vemos que a umidade relativa é normalmente elevada durante a noite. Por essa razão, o uso de umidificadores, toalhas úmidas ou bacias d’água não são imprescindíveis nesse horário. Por outro lado, já ouvi alguns médicos argumentarem que o organismo já sofreu com a baixa umidade relativa ao longo daquele dia. Então o uso dessas técnicas para aumentar a umidade relativa pode ajudar a confortar o organismo. Nesse caso, na minha opinião, vale o bom senso e a experiência de cada um.
5) Dias de baixa umidade relativa são também dias bastante poluídos. Isso normalmente ocorre em grandes cidades e em regiões com muitas queimadas. A chuva ajuda a depositar os poluentes suspensos no ar. Além disso, dias de umidade relativa baixa normalmente são dias com bastante estabilidade atmosférica. Eu preciso fazer um post explicando isso melhor, mas em dias estáveis a dispersão de poluentes fica prejudicada. E eles ficam ‘presos’ na camada estável da atmosfera. Falei sobre isso aqui.
[…] Aqui no Cerrado – e o Cerrado é o bioma que compõe boa parte do Centro-Sul do Brasil – , o período entre abril e agosto é extremamente seco. Eu morei boa parte de minha vida em São Paulo-SP (e ainda visito com certa regularidade) e por lá a aproximação de alguma frente fria e o aporte de umidade do oceano ainda conseguem elevar a umidade relativa e fazer garoar durante esses meses (principalmente entre abril e julho). Por outro lado, aqui no Cerrado, não cai nenhuma gotinha de chuva nos meses secos e não são raros os dias de agosto em que a umidade relativa fica abaixo de 15%. […]