Já começo dizendo que não sou psicóloga, eu falo como mãe. Inclusive quem me acompanha sabe o quanto luto contra essa ideia de “busquei no google e sei de tudo”. Falo isso porque respeito muito todas as pessoas que se dedicaram anos para estudar uma determinada área. No caso do assunto desse post, quero deixar claro o quanto respeito vocês, psicólogas e psiquiatras. O trabalho de vocês é muito importante.
Portanto, queridas leitoras e leitores: aqui vou falar como mãe.
Meu filho mais velho estava lidando bem com a escola em casa ou “Escola da Professora Mamãe”. Nas primeiras semanas, ele até me chamava de tia Samantha. Bom, de umas duas semanas pra cá eu percebi que ele não aguenta mais essa conversa de escola em casa. Bateu a saudade da mamãe, ele não aguenta mais a mamãe que por força das circunstâncias tem que ser sua professora também. Como eu aproveito o período da sonequinha do mais novo para dar aula ao mais velho, ele ficou sem aquele momento só dele comigo. E isso também tem a ver com o meu método de dar aulas: eu ajudo nas instruções da aula e em seguida continuo lavando a louça e adiantando a janta. Ou seja, ele faz boa parte do trabalho sozinho, sem um amiguinho para discutir a tarefa e sem a professora para ir de carteira em carteira. Admiro isso, fico encantada com a autonomia dele, mas preciso lembrar que ele é um menino.
Em outras palavras, meu filho está se sentindo sozinho. Está frustrado, chateado, com saudades da professora de verdade e dos amiguinhos. Eu fiquei mal, foi o momento mais difícil desse isolamento social, até o momento.
Se um dia você ler isso, meus filhos, saibam que eu estou tentando fazer o melhor que posso. Não está sendo fácil, mas a mamãe está tentando o melhor. Não vou conseguir acertar tudo.
Foi quando decidi que eu não ia dar aula naquele dia em que percebi essa situação. Brincamos com um joguinho novo, lemos o livro da Malala e assistimos gameplays. Na noite anterior, havíamos conversado sobre sentimentos. E foi isso.
Ele está esgotado. Eu não sou pedagoga, apenas cursei algumas matérias da Licenciatura (que vou retomar). Minha experiência com docência é com alunos de ensino técnico e ensino superior. Já dei aulas para escola dominical também. Eu tenho paciência e boa vontade, mas tenho um conhecimento muito pequeno, além de não ter experiência o suficiente. Ou seja, talvez eu também esteja ficando esgotada, embora como adulta eu consiga segurar a onda melhor do que ele.
Percebi que naquele momento o melhor seria deixar a aula de lado, ao menos naquele dia. Não tem problema se o conteúdo atrasar, ele é uma criança. O importante pra mim é que ele fique bem, que ele fique feliz e que eu possa estimular nele segurança a autoconfiança, o que é desafiador nesse momento.
Meu filho mais novo está mais tranquilo. Ele é muito pequeno, tem pouco mais de um ano e não entende o que é pandemia, isolamento, coronavirus, presidente incapaz, pessoas egoístas, gente que não colabora, etc. Ele havia começado a escola esse ano e tinha acabado de se adaptar quando a escola fechou. O pequenininho está especialmente mais grudado em mim, mas é uma daquelas fases da ansiedade da separação dando as caras.
Eu apenas segui meu coração e tentei ser a mãe que eu gostaria de ter se eu tivesse essa idade e estivesse enfrentando uma situação como essa (não sei se fui clara).
A saúde mental é mais importante do que qualquer atividade escolar. Tenho certeza disso.
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