O ar é composto por diversos gases, dentre eles, o vapor d’água. Para que as nuvens sejam formadas, o vapor d’agua contido em uma parcela de ar precisa se condensar, ou seja, passar do estado gasoso para o estado líquido. Falamos sobre condensação e outros processos de mudança de fase (ou de estado) aqui.
Sendo assim, as nuvens são constituídas principalmente de água no estado líquido. Sim, são microgotículas de água! São tão pequenas que não conseguimos ver o formato da gota. Essas microgotículas ficam todas agrupadas, formando assim as nuvens.
Tenho certeza que você já viu nuvens formando-se artificialmente em seu dia a dia. Vejamos alguns exemplos:
– Uma panela com comida ou água muito quente: muitas pessoas dizem que está saindo ‘vapor’ ou ‘fumaça’ da panela. Vapor (vapor d’água) não pode ser, porque vimos aqui que trata-se de um gás e portanto é invisível. Também não pode ser fumaça, já que não temos algo em combustão.

– Saindo do banho e o banheiro todo ‘enevoado’. O uso da palavra enevoado inclusive está correto, pois vem de névoa, uma palavra que significa nuvem. Muitas vezes de maneira errada falamos fumaça ou vapor. Mas mais uma vez: não é vapor e sim uma nuvem!

– Dia frio. Em alguns locais do Brasil, temos temperaturas baixas em certas épocas do ano. Saímos de casa pela manhã quentinhos e agasalhados. Então damos uma ‘baforada’ e vemos uma mini-nuvem saindo de nossa boca.

Por que os fenômenos listados acima ocorrem? Por que o vapor d’água encontrou condições para passar para o estado líquido (condensação). Lembram do exemplo da latinha de refrigerante?

Nesse caso, a ocorrência da condensação é bem vísivel, quero dizer, vemos a água que condensou-se sobre a superfície fria da lata. No caso das nuvens, sejam as artificiais listadas acima ou as naturais, também é necessário uma superfície com temperatura mais fria. E como ter esta situação?
Pense em um dia bem quente e úmido, o que normalmente ocorre no verão da maior parte do território brasileiro. Em um dia assim, a superfície de nosso planeta se aquece rapidamente. Pense o quando é difícil andar descalço em uma praia ou no asfalto em um dia assim.

A superfície de nosso planeta então aquece parcelas o ar logo acima dela, nos primeiros metros da atmosfera. Assim, essas parcelas de ar mais quente são forçadas a subir, já que o ar mais quente é menos denso. Para compreender isso, vamos lembrar dos balões de ar quente, por exemplo (aqueles que utilizam grandes tochas de fogo). Os balonistas aquecem o ar no interior do balão, e este ar, por ser mais leve, é forçado a subir.

Então cada parcela de ar quente logo acima da superfície comporta-se como um ‘balão invisível’. Essas parcelas sobem, sobem… e a natureza aproveita-se delas:

Algumas aves aproveitam-se dessas parcelas de ar quente (também chamadas de termas) para planarem, e ficarem sossegadas, voando sem precisar bater asas. O mesmo procedimento é utilizado por asa-deltas, ultraleves e parapentes.

Se essas parcelas subirem até uma altura onde encontram temperaturas mais baixas que favoreçam a condensação, o vapor d’água contido nessas parcelas pode condensar e então formar as nuvens.

Vamos relembrar do caso da latinha. O ar ambiente encontrou a superfície mais fria da latinha e então o vapor d’água contido nesse ar condensou-se. Mas, e no caso da parcela de ar que formou a nuvem? Em qual superfície o vapor d’água condensou-se para formar essas gotículas?
Na atmosfera há pequeníssimas partículas em suspensão, invisíveis a olho nu. Essas partículas são chamadas núcleos de condensação, pois tem afinidade com a água. Elas são a superfície onde o vapor d’água condensa-se. Núcleos de condensação podem ser pólen, poeira, partículas de sal, fumaça etc.

Quando a água condensa-se sobre essas partículas, temos então a formação das pequeníssimas gotas que formam uma única nuvem!
Nos próximos posts, teremos mais informações sobre este assunto. Até mais!
Bibliografia e notas:
– Algumas fotos que ilustram foram tiradas do serviço Stock.Xchng que fornece algumas fotografias gratuitras para este tipo de uso. Para mais informações, clique na própria foto.
– Minha crônica sobre nuvens, no Stoa.
– Um antigo post sobre o assunto, que escrevi no Stoa.
[1] Adaptado de FORSDYKE, A.G. Previsão do tempo e clima. Coleção prisma. ed. Melhoramentos. l978
– Cloud Condensation Nuclei, Wikipedia.
[…] de ar com cisalhamento encontrar uma corrente ascendente que forma nuvens (as termas, como vimos aqui), essa corrente ascendente ganha energia e […]