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You are here: Home / Blog / Resenha de “A Boa Mentira”

Resenha de “A Boa Mentira”

20/01/2015 By Samantha 14 Comments

Um colega do trabalho assistiu ‘A boa mentira’, gostou muito do filme e me recomendou. Bom, eu assisti gostei de várias partes mas tenho muitas críticas também. A começar pela capa do Netflix, que é a mesma capa do Blu-Ray:

A Boa Mentira

O filme é sobre crianças do Sudão do Sul, que fugiram de suas vilas após a guerra civil. Elas se deslocaram mais de 1000km até um campo de refugiados no Quênia. Ou seja, os protagonistas da história são pessoas negras. Várias crianças negras que passam a adolescência e parte de sua juventude em um campo de refugiados.

O QUE QUE A REEESE WHITERSPOON TÁ FAZENDO NA CAPA?

Vocês vão argumentar que ela é uma atriz famosa, ganhou o Oscar, etc. Mas gente, ela não é a protagonista do filme! O filme não é sobre uma moça branca!!! Reparem que o comentário destacado na parte inferior direita (do The Wall Street Journal) também é sobre Reese. Depois que assisti o filme (meu colega é legal, não deu spoilers rs) e vi a capa, fiquei um tempo tentando entender isso. E a resposta é clara para mim: racismo institucionalizado. Se colocassem na capa os atores negros, que são desconhecidos do grande público, o filme não chamaria a atenção nos cinemas e depois nas prateleiras.

Achei o trabalho de Arnold Oceng, que faz o papel de um dos protagonistas, o jovem Memere, fantástico. Tudo começa quando Memere, sua irmã Abital, seu irmão Theo e seus amigos são crianças. Eles estão em um dia normal em sua vila. Brincando, cuidando do gado, com seus afazeres cotidianos em geral, etc. Quando um bombardeio ocorre em sua vila. Os adultos morrem, mas alguma crianças conseguem sobreviver. Theo, o mais velho, lidera seus irmãos e amigos numa fuga que segue na direção sudeste. O objetivo é atingir um campo de refugiados no Quênia. Pelo caminho, eles encontram outras crianças que também fugiram de suas vilas. Acabam conhecendo Jeremiah e Paul e os adotam como irmãos.  Na fuga, as crianças enfrentam um trajeto muito difícil: pés machucados, doença, fome, cansaço, sede, soldados pelo caminho (que matam, escravizam ou recrutam as crianças), etc.

O trabalho dos atores é muito bom porque eles viveram isso: são refugiados ou filhos de refugiados. Levar sua história para as telas deve ser um enorme desafio, mas que certamente valeu muito. O trabalho deles foi impecável e também destaco o trabalho das crianças, também sudanesas. O filme convence muito em termos culturais. Eu não conheço a cultura sudanesa, mas observei que os atores falam uma mistura de inglês com uma mistura de outra língua, que pelo que pesquisei deve ser o dinka e/ou o nuer.

O contexto histórico do filme são a Primeira e a Segunda Guerra Civil Sudanesa. A história começa durante a infância dessas crianças, provavelmente durante a Segunda Guerra Civil Sudanesa. Várias questões motivaram essas guerras: disputa de minérios (o Sudão do Sul é rico em petróleo) e disputa religiosa (o norte do Sudão é de maioria muçulmana, enquanto o sul é cristão ou animista). O cristianismo é presente no filme: Jeremiah não desgruda da Bíblia que conseguiu salvar de sua vila e é professor de Escola Dominical.

A Segunda Guerra Civil Sudanesa durou 21 anos e deixou mais de dois milhões de mortos. Foram mais de quatro milhões de refugiados ou deslocados internos. Foi o conflito que mais matou civis desde a Segunda Guerra Mundial {x}. E eu pergunto para meus leitores: vocês aprenderam isso na escola? Aposto que poucos dirão que aprenderam. Como quando escrevi o post sobre a Guerra Civil de Ruanda (na resenha de Sobrevivi para Contar). Aposto que poucos sabiam disso e o pior: quando esses conflitos aconteceram, já tínhamos uma imprensa bem equipada que poderia fazer uma cobertura melhor e mais abrangente. É evidente que não há representatividade alguma na imprensa.

Outro fato que me irritou no filme é a presença de Reese como “salvadora”. O branco como “salvador” dos negros. E a difícil jornada dessas crianças por mais de 1000km? E o empenho em se ajustar na vida em um novo país?  A personagem de Reese não faz nada além de seu trabalho, de sua obrigação. E o trabalho humanitário é uma obrigação da ONU, uma obrigação de países ricos que quase que em sua totalidade exploraram o continente africano.

Até quando a dignidade e a força de vontade dos refugiados será deixada em segundo plano nesses filmes? Eu fiquei com essa impressão em “A Boa Mentira”. Vejam bem, o filme é bom em muitos aspectos que já mencionei. Além deles, retrata também a vida em um campo de refugiados. Mamere e seus irmãos vivem muitos anos por lá e eventualmente conseguem asilo. Infelizmente, muitos países deixaram de dar asilo à refugiados depois do 11 de Setembro. E Mamere tem poucas esperanças de rever seu amigo e seu irmão recomeçando a vida em outro país, oportunidade que ele teve.

Anos depois, o campo de refugiados onde viveram Mamere, seus amigos e seus irmãos é mostrado novamente. É um lugar ainda mais desorganizado. Uma pequena cidade de 100.000 habitantes, muitos desesperançosos de um dia deixar o local. Ou seja, a situação fugiu totalmente do controle e as pessoas não tem mais esperança de recomeçar.

Outro ponto interessante no filme é a diferença cultural. Quando as crianças veem uma pessoa branca pela primeira vez, acreditam que “elas não têm cor” ou “elas não têm pele”. Quando chegam nos EUA, não conseguem se adaptar inicialmente aos seus empregos. Eles não conseguem dormir em camas: colocam os colchões no chão para dormirem juntos. E andam de mãos dadas. E já são jovens adultos! Esses jovens criaram entre si um elo muito forte. Esse elo certamente foi o que os fez sobreviver. Um ditado africano muito bonito é inclusive mencionado:

“Se ir andar rápido, ande sozinho. Se quiser ir longe, vá em grupo”.

Apesar dessa questão cansativa, clichê e absurda da “síndrome do homem branco salvador”, o filme é bom. Pois nos motiva a querer aprender mais sobre os sudaneses, sobre as guerras e sobre a história desses órfãos. Esses órfãos inclusive tem um nome: os garotos perdidos do Sudão. Há muitos outros livros e filmes sobre essas crianças, encontrei uma lista nesse post.

Bom, para não revelar nada sobre o filme, paro por aqui. Essas são minhas considerações, se alguém já viu o filme (ou caso veja) e tenha uma opinião diferente, escreva nos comentários!

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Filed Under: Blog, Filmes, História, Resenhas Tagged With: áfrica, guerra civil sudanesa, sudão, sudão do sul

Reader Interactions

Comments

  1. Aline says

    06/02/2015 at 6:06 pm

    Concordo completamente com a questão da capa do filme. É revoltante pensar nisso. Achei interessante o texto porque ele que me fez pensar sobre o impacto da Reese Witherspoon no filme. Entretanto, não vejo que pintam ela como salvadora, mas sim os Estados Unidos, o que acontece um monte nos filmes em geral. Acho também que a personagem da Reese vai um pouco além da obrigação. Ela só precisava achar empregos para eles. Na minha opinião o interessante é ver que o personagem dela cresce quanto pessoa com o convívio com os refugiados. Primeiro é só trabalho como ela diz na cena das laranjas. Ela começa a ter empatia por eles depois de pesquisar sobre o que eles viveram. E finalmente ela aprende a ver o mundo além do próprio umbigo. Pra mim essa é a missão dela no filme. É como assistir as lições que devemos aprender. Concordo que exista um pouco de foco equivocado no personagem dela. Ela é alguma ajuda e não aquele que sofre os desafios e que para receber auxílio tem que deixar o país e amigos para trás. Mas o fato dos refugiados parecerem tão gratos sempre é só cativante e terno num mundo tão ingrato, principalmente depois de tudo o que eles passaram. E aprender um pouco sempre é bom mesmo. Eu fiquei emocionada, especialmente com o final, mesmo sendo bem durona. Hahaha

  2. Aline says

    06/02/2015 at 6:15 pm

    Mas talvez eu tenha que ver o filme novamente depois de ler seu texto e repensar sobre isso hahaha

  3. Samantha says

    09/02/2015 at 8:36 pm

    Olá Aline!
    Adorei suas considerações. Realmente, o filme mostra os EUA como se fossem o herói da situação. Como se a personagem da Reese Whiterspoon representasse essa realidade de bonança e progresso dos EUA. No entanto, com o tempo ela foi realmente mostrando empatia e tornando-se amiga deles. E confesso que me emocionei com o final, sou dessas hehehe =)
    Abraços, obrigada pela visita!

  4. Alexandre Caetano says

    07/04/2015 at 7:21 pm

    O filme é muito bom, a parte didática é muito bem misturada com a emoção que transmite. Uma pena que toda a publicidade seja feita com imagens da Reese Witherspoon, que é coadjuvante! Tem uma crítica em http://www.artigosdecinema.blogspot.com/2015/04/a-boa-mentira-good-lie.html

  5. Samantha says

    22/04/2015 at 9:22 pm

    Adorei seu texto sobre o filme, Alexandre. Adorei como você situou o contexto histórico e geográfico do filme, puxa, acredito que professores deveriam ler seu post antes de passar o filme para os alunos. A propósito, filmes são excelentes fontes de ensinamento, um recurso que deveria ser mais utilizado!
    Parabéns pelo texto!

  6. Juliano Carniel says

    14/09/2015 at 9:50 pm

    Vocês estão nadando num mar de coitadismo, só que não se dão conta. Passei esse filme para meus alunos, as crianças se espelham na atriz em questão, através dessa empatia se colocaram também no lugar das crianças. Tu é tão coitado cara que tás enfatizando uma pormenor, não é essa a essência do filme. Você não pode ficar enfatizando uma picuinha destas em detrimento da lição que o filme deixa. É muito triste perceber que o debate em torno do racismo hoje em dia virou sinônimo autopromoção pessoal. Todo mundo têm uma crítica, uma teoria, isso ou aquilo. Só que muitos estão focados e gastando energia em bobagem. Ela está na capa porque é uma atriz que venceu alguns prêmios do cinema, é normal que o pessoal do marketing dê ênfase maior aos prêmios que foram conquistados. Quantas capas de filme a Wooppi Goldberg já fez, não por negra, mas por ser uma excelente atriz multi premiada, aonde as suas conquistas foram enfatizadas. Quer massagear teu ego, como defensor dos negros, dos fracos e oprimidos? Tás fazendo errado.

  7. Samantha says

    17/09/2015 at 10:38 pm

    Sinceramente, você poderia ter dado sua opinião com muito mais dignidade e muito menos julgamento com relação a minha pessoa (que você não conhece).
    Não entendo como na internet toda opinião trivial sobre qualquer assunto acaba sendo alvo de comentários grosseiros. E nesse caso nem é trivial, sabe? To falando de racismo e representatividade, mas acho que são conceitos muuuito complicados pra você.
    Aprenda a se comunicar antes de vir tacar pedras no meu espaço.
    E sinto muito pelos seus alunos.

  8. Sheila Rodrigues Leite says

    18/09/2015 at 7:39 pm

    Na Africa se uma mentira é contada para promover o bem, esta não tem o nome de mentira! e sim outra expressão… Alguem lembra qualo nome que se dá a uma boa mentira na Africa? ele fala essa expressão quando está na sala de aula… Antecipadamente agradeço…

  9. Carlos Eduardo Stefanini says

    02/02/2017 at 2:10 pm

    Pelo jeito muitas pessoas parecem que não conseguem pensar fora dos “clichês”. O filme não trata de brancos ou negros, de salvadores e salvados. O filme transcende a isso. Trata-se de humanismo. De seres humanos compreenderem o sofrimento do outro, de acolhimento, enfim solidariedade. O fato de aparecer a foto da Reese Whiterspoon em cartazes de divulgação do filme, é irrelevante. Trata-se de uma questão mercadológica que em nada diminui a grandeza desse filme.

  10. Samantha says

    02/02/2017 at 5:54 pm

    “Pelo jeito muitas pessoas parecem que não conseguem pensar fora dos “clichês””

    Por favor, não seja passivo-agressivo, pode se referir a mim.

    Eu gostei do filme, concordo com você acerca do aspecto do humanismo tratado na obra. Porém eu também posso fazer essas críticas a respeito do cartaz se eu quiser. Uma mesma pessoa pode levar em consideração os dois aspectos: o humanismo do filme e essa crítica ao cartaz. Não são coisas excludentes.

    Além disso, é só um filme, no final das contas. Não entendo porque as pessoas ficam de certo modo irritadas com minha simples resenha.

  11. Hosana says

    24/07/2017 at 12:03 am

    Acabei de ver o filme, simplesmente porque estava iniciando e não tinha outro melhor naquele momento. Simplesmente fantástico, nos faz refletir sobre muita coisa na vida, como o motivo de alguns conseguirem coisas boas e outros não. Em relação ao texto e aos comentários, colocaram tanta coisa na nossa cabeça em relação a preconceito e supremacia americana que muitos não se deram conta que em nenhum momento eles são hostilizados pela cor, talvez por serem diferentes ma cultura, mas pela cor não. Reese está na capa por motivos óbvios, seria até injusto com a atriz ela não ter destaque, pelo menos na capa, pois no filme a relevância dela é moderada, inclusive o próprio personagem deixa isso claro, afirmando que se trata do seu trabalho. Os EUA não é visto como salvador, mas como esperança, pois a burocracia dificulta bem a vida dos personagens principais. Só vendo mesmo com olhar despretensioso e livre de conceitos preestabelecidos podemos apreciar a bela história. Muito tocante, vale a pena ver e rever sob outro olhar.

  12. Samantha says

    24/07/2017 at 2:21 pm

    Hosana,
    Acho que você não entendeu meu ponto. Eu não achei o filme ruim, apenas teci algumas críticas que acredito serem plausíveis principalmente com relação ao material de divulgação do filme.
    Agradeço seu comentário super educado.

    Bem-vinda.

  13. Carlos says

    02/09/2019 at 4:14 pm

    Se não fosse a atriz famosa provavelmente você não estaria falando sobre esse filme; porque, se ele fosse feito, talvez não tivesse essa promoção. Além disso, o filme parece ser um olhar do homem branco/ocidental em direção aos africanos. Não nego que há muito coisa errada, que os negros e o mundo africano são desprezados em vários aspectos nas representações culturais; mas definitivamente não incluo esse filme nisso. Uma pergunta: Se o personagem na Reese fosse feito pelo Denzel Washington você ainda falaria de racismo institucionalizado?

  14. Samantha says

    10/09/2019 at 4:33 am

    Não sei dizer. Porque provavelmente o roteiro não seria exatamente o mesmo, não sei mesmo. Eu não consigo substituir a atriz, porque só conheço o filme dessa maneira.
    Eu não entendo porque minha opiniao sobre esse filme incomodou. Foi só minha opiniao, nada demais.

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