Duas coisas me inspiraram a fazer esse post. A primeira foi um post que escrevi há alguns meses, sobre Gravidez em Star Trek. Esse post é sobre as Mães em Star Trek e vai falar de algumas mães mencionadas nesse outro post sobre gravidez, mas não de todas. Muitas mães de Star Trek já começaram o seriado sendo mães, com filhos grandes, então vou abordar a questão da maternidade na série.
Outra inspiração para esse post vem desse ótimo post da Sybylla que fala das mães na ficção científica. O post dela também me inspirou a escrever. Então vamos lá!
Eu precisava usar isso, mesmo que sem um contexto totalmente apropriado! hahahaha, valeu Sybylla
Dra. Beverly Crusher
Muitos fãs da série falam que ela é a perfeita MILF, aquela mãe deslumbrante e gostosona de seu amigo chato da escola rs. Realmente, Gates McFadden é uma linda mulher e uma excelente atriz e coreógrafa (ela trabalhou na criação da coreografia do filme Labyrinth). Atuando como a Dra. Beverly Crusher, ela lembra muito as mães do dia de hoje: as vezes é super protetora (quantas vezes essa mulher foi até a ponte para xeretar o trabalho de Wesley? rs), mas também é uma mãe que se resigna e aceita que o filho cresceu. Tanto que Wesley deixa a Enterprise para estudar! Pense na quantidade de mães que você conhece que sentem aquela “síndrome do ninho vazio” quando os filhos saem de casa. Eu conheço muitas! E talvez eu seja vítima dessa síndrome um dia 😉
Beverly deixou Wesley na Enterprise para procurar novos desafios em sua carreira. Quantas mães não mudam de cidade ou até de país para buscar novos desafios profissionais e novas oportunidades financeiras, deixando os filhos sob o cuidado do pai ou dos avós? Infelizmente, muitas mães que agem assim são julgadas por terceiros, que desconhecem a realidade daquela família.
Na segunda temporada de Star Trek: TNG, Dra. Crusher deixa a Enterprise para assumir um cargo na Starfleet Medical, um departamento de pesquisa médica da Frota Estelar. Seu filho Wesley Crusher, que deve ter por volta de 15-16 anos, fica na Enterprise, para estudar e adquirir experiência para futuramente ingressar na Frota Estelar. Na série, o fato de ela ter deixado o filho na Enterprise não é uma questão. Se fosse na vida real e nos dias de hoje, fico imaginando o quanto essa profissional seria julgada.
Lwaxana Troi
Inclusive a Sybylla mencionou a Lwaxana em sua postagem sobre mães da ficção científica. Observem que a relação entre Deanna e Lwaxana nem sempre é fácil! Elas nem sempre se entendem, mas são grandes amigas. E não é assim quando a gente fica mais velha? Nossa mãe continua sendo a mãe querida e cuidadora, mas torna-se acima de tudo uma amiga especial, que nos conhece como ninguém e sempre dá bons conselhos. E claro, por tratar-se de uma amizade de duas pessoas de gerações diferentes, conflitos de opinião sempre vão ocorrer.
E o que chama a atenção em Lwaxana é que ela é uma mãe extravagante, não tem vergonha de expor seus desejos e opiniões. Ela inclusive causa muito quando chega na Enterprise, igual como quando vemos quando ocorre a chegada da Lady Gaga em uma premiação. Ela é uma diva! Além disso, ela é uma importante e competente embaixadora. Ou seja, seu jeito extravagante não interfere negativamente em seu trabalho. Pelo contrário: muitas vezes sua personalidade acaba ajudando, de certo modo rs.
Gene Roddenbery acertou em cheio nessa personagem: uma mulher de meia idade viúva que tem vontade de namorar, beijar na boca e ser feliz. Observem como a sexualidade das pessoas mais velhas ainda é tratada como tabu em nossa sociedade. Uma curiosidade interessante, que já não é novidade para a maioria dos trekkers: Lwaxana é interpretada por Majel Barret-Roddenbery, esposa de Gene Roddenbery. É a mesma atriz que interpretou a Enfermeira Chapel e a Number One na série clássica.
Outro fato para que eu ame Lwaxana é que a atriz, caracterizada dessa maneira com lentes escuras, se parece muito com a melhor mãe do mundo real, pelo menos na minha opinião:
Keiko O’Brien (e também Kira Nerys)
Em Star Trek, também há espaço para mães tradicionais! Eu diria que Keiko O’Brien é a mãe mais próximo do que chamaríamos de ‘tradicional’. Casou-se com o Chief Miles O’Brien, adotou o sobrenome do marido e teve dois filhinhos lindos: Molly e Kyrayoshi. E ela trabalha fora: é botânica e professora, na Enterprise e depois na Deep Space Nine. Só que a impressão que temos é que o trabalho dela é algo como meio expediente, não que não seja desafiador ou perigoso. Contei sobre a história da família O’Brien nesse post sobre Gravidez em Star Trek.
Keiko viveu uma experiência muito interessante: durante uma expedição, ela feriu-se gravemente. Como estava grávida, seu bebê (Kirayoshi) corria risco. Sua amiga Kira Nerys, oficial da Deep Space Nine, decidiu ajudá-la, atuando como barriga de substituição até o final da gestação. O resultado disso foi uma gravidez típica bajorana. Numa conversa com a Sybylla, chegamos a conclusão de que os bajoranos são adeptos do parto humanizado. Na cerimônia do parto, há uma sacerdotisa que tem as mesmas funções das doulas que conhecemos. Como resultado, o menino Kirayoshi tem uma ligação especial com Kira Nerys.
Helena Rozhenko
A simpática Helena Rozhenko é mãe adotiva de Worf. Não gosto de frisar que uma mãe é biológica ou adotiva, porque mãe é mãe! Mas esse esclarecimento é importante, porque acredito que a dedicação de Helena e de seu marido, Sergey Rozhenko (que trabalhou na Frota Estelar, na USS Intrepid), é a mesma dedicação de muitas famílias que adotam crianças mais velhas. Quando o casal adotou Worf, ele era um menino que estava quase na pré-adolescência. Um garoto que perdeu os pais tragicamente em um massacre, quando Romulanos atacaram o Posto Avançado de Khitomer. Worf sobreviveu e foi adotado por Sergey (a USS Interpid foi uma das primeiras naves a chegar no local, após o massacre) e sua esposa, Helena.
Ela e seu marido tiveram que aprender muito sobre a cultura klingon: idioma, culinária, rituais, etc. Ela e seu marido precisaram adaptar-se para receber uma criança de outra cultura, traumatizada pela tragédia. Muitos pais adotivos passam por isso, adotando crianças traumatizadas pela exclusão e marginalidade. A adaptação da família não foi fácil, já que eles tinham um filho biológico mais velho, Nikolai. Mesmo quando adulto, a relação entre Worf e seus pais adotivos não é fácil, mas ele demonstra uma enorme gratidão e amor a eles.
Outra coisa que acho muito legal é que os pais não se importam em ver Worf buscar suas raízes Klingon. Inclusive Worf se une a seu irmão biológico (que ele re-encontra depois de adulto, pois acreditava que ele havia morrido no massacre) para limpar a imagem de seu pai biológico, Mogh. Muitos acreditam que Mogh foi um traidor e atuou como espião, contando aos Romulanos sobre o posto de Khitomer. Vejo que muitos pais ficam receosos quando seus filhos adotivos buscam informações sobre a família biológica, mas acredito que não se deva negar essa busca para ninguém.
Helena e Sergey criaram Alexander, filho de Worf e K’Ehleyr. Depois que K’Ehleyr morreu, Worf ficou com o menino mas teve dificuldades para criá-lo. Helena e Sergey adotaram o menino, ficaram com ele por alguns anos, mas depois convenceram Worf a criar o seu filho. E um dos argumentos usados pelo casal Rozhenko foi muito interessante: como eles já são velhos, ficaram preocupados em não conseguir acompanhar a vida de Alexander.
O que acho interessante na relação de Worf e seu filho é que ela não era boa na infância, mas melhora a medida que o rapaz vai ficando mais velho. A história de Alexander é interessante também porque outras mulheres atuam como sua mãe. A própria Deanna Troi acaba se afeiçoando ao menino e ajuda a criá-lo.
Em Star Trek, há diversos momentos em que os personagens ajudam a cuidar dos filhos de outros personagens, quando há viagens longas ou mortes. Essa preocupação da comunidade com o bem estar de todas as crianças em geral é muito bonita. Infelizmente, isso acabou sendo deixado de lado na vida nas grandes metrópoles, onde muitas vezes não sabemos os nomes dos nossos próprios vizinhos!
Kasidy Yates-Sisko
Muitas pessoas perdem a mãe logo cedo. E em muitos casos, a nova companheira do pai atua como uma super mãe em todos os sentidos. E é essa relação que Kasidy Yates tem com Jake Sisko, filho do chefe da Deep Space Nine. Apesar de Jake já ser um jovem adulto, ele encontra amizade e conselhos com a madrasta Kasidy. Inclusive foi Jake quem apresentou Kasidy para seu pai, Ben Sisko (comandante da Deep Space Nine). Um “filho cupido”, que encontrou uma mulher que combinava em tudo com seu pai.
Amanda Grayson
Pela internet, acompanho vlogs de diversas mulheres brasileiras que vivem em outros países. Muitas dessas mulheres tem companheiros estrangeiros e filhos que vivem longe da cultura brasileira. Elas precisam se esforçar para criar uma criança entre duas culturas, ensinando as realidades de cada uma delas. Amanda Grayson, a mãe de Spock, é humana. Casou-se com o Sarek e da união nasceu nosso querido e eterno Spock. Teve dificuldades para criar o filho mestiço em Vulcano. Quando criança, o menino Spock sofria bullying por não ser inteiramente vulcano. Amanda apareceu na série clássica, mas sua personagem foi mais explorada no filme Star Trek (2009), quando foi interpretada por Wynona Ryder.
Carol Marcus
E quantas mulheres não criam seus filhos sozinhas, seja por escolha própria ou porque o companheiro não as apoia? Carol Marcus teve um breve relacionamento com James T. Kirk, lendário capitão da Enterprise. Ela ficou grávida, mas preferiu não contar para o pai. Como cientista renomada, bem sucedida e mulher independente, preferiu criar o filho sozinha. David Marcus cresceu, tornou-se cientista como ela e só conheceu seu pai quando já era adulto. David inclusive trabalhou no projeto da mãe. Foi vítima de violência e acabou morrendo. E não deixo de pensar nas mães que passam por isso diariamente, principalmente nas periferias das metrópoles perigosas.
Ah sim, a Carol Marcus aparece bem jovem no filme Star Trek (2009), para a gente entender como ela e Kirk se conheceram. Ela e David aparecem em Star Trek II: A Ira de Khan.
Sybylla diz
Eu adoro o episódio do Worf com os pais. Ele morre de vergonha de andar com eles pela nave (quem nunca, né?), mas a gente percebe o amor dos dois pelo filho klingon. Uma excelente discussão sobre adoção, ainda mais em se tratando de um alienígena de uma raça tão orgulhosa como os Klingons. 😀
Samantha diz
É muito fofo, porque parece aquela coisa de criança no dia em que os pais vão participar de um evento na escola. Acho que já tive um sentimento parecido. Acredito que é um excelente estudo de caso para refletirmos sobre a adoção, principalmente porque Worf mantém suas raízes, defendendo a honra da família biológica e de certa maneira, cuidando de seu irmão. =)