Quem me acompanha no Instagram, deve ter visto há alguns dias que eu li um livro chamado Quissama – O Império dos Capoeiras, do autor catarinense Maicon Tenfen. Se você gosta de História do período do Segundo Reinado, se você pratica ou tem interesse em capoeira e se você é fã do personagem Sherlock Holmes, do autor inglês Sir Arthur Conan Doyle, provavelmente vai gostar do livro.
O autor se preocupou em descrever muito bem a cidade do Rio de Janeiro na época em que era a capital de nosso país. Na época em que a cidade era a corte, habitada por Dom Pedro II, sua família e toda a estrutura político-econômica do Brasil Império. Se você imagina uma “cidade de antigamente” extremamente parada e idílica, mude sua ideia! Em Quissama, a cidade fervilha com acontecimentos prosaicos, crime organizado e conspirações.
Com uma narrativa em primeira pessoa, o livro trata-se da “tradução dos manuscritos perdidos” de Daniel Woodruff, marinheiro inglês que teria passado uma temporada na cidade e narra suas aventuras heroicas. Depois de ter ficado famoso na cidade por ter descoberto o mistério do desaparecimento de uma cocote, Woodruff se tornou uma celebridade. Suas habilidades em investigação devem-se ao fato de ele ter passado um temporada na Scotland Yard. Prestes a retornar para a Inglaterra, os planos de Woodruff mudam depois de ser encontrado por Vitorino Quissama, um escravo fugitivo. Vitorino (que era nascido no Brasil, nos tempos após a proibição do tráfico de escravos) queria a ajuda de Woodruff para encontrar sua mãe, a bela e misteriosa africana Bernardina.
Quissama é um exímio capoeirista, um rapaz usado pelo crime organizado devido suas habilidades. Depois do encontro com Quissama, a vida de Woodruff vira de cabeça para baixo. Ele se envolve com criminosos perigosos e com políticos, vindo a conhecer inclusive o escritor José de Alencar, que era um dos ministros de Dom Pedro II.
A riqueza de detalhes com que o autor descreve a cidade do Rio de Janeiro é fascinante, você realmente se imagina caminhando pela cidade ou usando os diversos meios de transporte de tração animal. Woodruff encontra aliados e traidores em sua trajetória e as lutas de capoeira são descritas com muitas cores. É sem dúvida um livro de extremo bom gosto e muito criativo. Claro que o tema de mistério e investigação já é bastante conhecido e fãs do gênero vão identificar até alguns clichês (que foram totalmente revisitados na obra), porém é uma delícia ler algo do gênero que não é ambientado na Inglaterra Vitoriana. Durante a leitura, aprendi muito sobre a história do Brasil e refleti bastante sobre a herança horrível da escravidão.
Eu conheci esse livro através do boardgame de mesmo nome, inspirado pelo livro, desenvolvido por Ricardo Spinelli. Inclusive quando estava rolando o financiamento coletivo para o jogo, havia uma opção para levar o jogo + livro. Por alguma razão, meu marido decidiu pegar apenas o jogo. Depois que jogamos e gostamos bastante, fiquei curiosa com o livro. Em um passeio pela biblioteca de meu bairro, acabei vendo o livro como destaque em uma área dedicada para celebrar a literatura de temas afro-brasileiros. Peguei o livro e consegui ler em aproximadamente 16 dias (não li o livro todos os dias). O bacana de emprestar livros em bibliotecas é que você acaba tendo uma ideia de quanto tempo você leva para ler o livro (legal para quem gosta de seguir cronogramas de leitura), além de evidentemente economizar.
O livro realmente prende o leitor. Não é nada parado, os personagens estão em constante ação a todo momento. Eu consigo imaginar um filme inspirado nesse ótimo livro. Na minha opinião, é um livro para diversos públicos! Um adolescente que já está acostumado com livros de suspense e investigação vai gostar e um adulto que está procurando um livro divertido para ler no final do dia, também vai gostar.
Recomendado!
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