
Muitas pessoas já me perguntaram se eu não gostaria de ter um canal no Youtube. Outras perguntaram se eu gostaria de ter um podcast. Hoje vou falar um pouco sobre isso.
Eu ganho algum dinheirinho com o blog, através do AdSense. É muito pouquinho, não vai pagar todas as minhas contas, porém eu invisto o dinheiro ganho aqui no blog mesmo (pagando pelo domínio e pela hospedagem). Eu gostaria muito de ter anunciantes, mas a era dos blogs parece que acabou. Os produtores de conteúdo viraram digital influencers e hoje eles têm canais no Youtube, perfis no Twitter e no Instagram com muitos números. Isso não é necessariamente ruim ou bom, estou apenas mostrando fatos aqui. Eu pessoalmente prefiro a internet livro, mas eu usufruo de muitas das possibilidades da Web 2.0.
Não vou também negar que a questão do apelo à imagem também me incomoda muito, principalmente quando estamos falando de digital influencers. Há muitas situações em que a imagem parece ter um peso muito maior do que o texto. Eu tenho uma amiga que escreve maravilhosamente bem, possui um livro publicado, é uma mulher bonita e elegante e seu perfil no Instagram tem muitos seguidores. Muitas vezes questiono se as pessoas leem suas ótimas reflexões nas legendas das fotos ou se apenas clicam no tal coraçãozinho❤ porque acharam a foto bonita. Não é culpa da minha amiga, claro, pois trata-se de uma questão muito maior e com muitas camadas. Eu tenho a impressão de que as pessoas em geral não estão no Instagram para ler (a não ser fofoca, treta, etc). No Instagram, as pessoas querem ver beleza. Mas claro, é uma vitrine e minha amiga a utiliza para divulgar seu conteúdo. Não vou negar que quando eu escrevo no blog, eu sinto de certo modo uma libertação, pois ninguém precisa saber como sou, o que visto, como meu cabelo está, etc. Mas essa discussão é muito maior e não é o foco desse texto.
Criei o Meteorópole em 2010-2011, depois de uma sequência de blogs que fiz e desfiz até encontrar minha identidade. Na época em que criei o Meteorópole, portanto, a era dos blogs já tinha chegado ao seu fim. Não seria mais “negócio” eu ter ido para o Youtube, se formos pensar em possibilidades financeiras? Talvez, mas quem disse que eu necessariamente conseguiria algum sucesso com meu canal?
Eu sempre gostei de escrever, desde muito pequena. Sempre tive diários, sempre escrevi cartas que eu nunca enviei e sempre gostei muito de ler sobre temas diversos. Quero dizer, a linguagem do texto sempre foi presente em minha vida. Não sei como não pensei em cursar Letras ou Jornalismo durante a adolescência, talvez porque eu visse na escrita um veículo para transmitir informações e não como um ‘fim’ (acho que vocês entenderam o que quis dizer). Tanto que a maioria de minhas leituras na infância e adolescência tinham mais a ver com divulgação científica, biografias, enciclopédias, temas relacionados à História, etc. Passei a gostar de outros gêneros literários quando mais velha.
E por gostar de escrever, acredito que ter um blog é apenas uma consequência, pois é o canal por onde posso transmitir opiniões, conhecimento e pensamentos. Claro que tenho noção que eu não escrevo maravilhosamente bem como a Eliane Brum (de quem sou grande admiradora) ou Carl Sagan (que escreveu livros pelos quais tenho muito apreço), mas tenho noção que meu conteúdo melhorou ao longo dos anos.
Eu estava assistindo um vídeo do Primata Falante em que ele fala do mito da genialidade (veja o vídeo aqui). Um vídeo ótimo, mas eu queria destacar um ponto específico dele aqui: a gente não é genial o tempo todo. Eu sei que há textos aqui que são muito bons, eu realmente estava inspirada no dia pois coloquei boas referências, fiz uma boa argumentação e uma boa concatenação das ideias. Há outros textos que não são tão bons e há outros péssimos. Meu ponto é: tem que continuar tentando, escrevendo, produzindo e uma hora a coisa deslancha.
Eu já tentei gravar vídeos para o Youtube, mas eles não ficaram bons na minha opinião. Eu deveria seguir o raciocínio que mencionei no parágrafo anterior? Provavelmente. Acho que se eu realmente quisesse publicar vídeos no Youtube, eu deveria continuar gravando com meu celular mesmo e aos poucos ir melhorando, adquirir uma câmera melhor, aprender a editar os vídeos, etc. E aqui faço uma analogia ao próprio blog: eu comecei escrevendo em sites editados em HTML no bloco de notas, depois no Blogger e agora finalmente tenho meu próprio domínio e hospedagem usando o WordPress. A coisa toda evoluiu e com produção para o Youtube deveria ser a mesma coisa.
Agora, será que eu quero tentar gravar vídeos novamente? A resposta no momento é não. Eu gosto do Youtube, assino ótimos canais e aprendo bastante. Só que a minha linguagem é a escrita, acho que esse é o meu métier. Eu gosto de escrever e editar um texto, fico feliz e empolgada procurando referências, imagens para ilustrar, etc. Adoro entender novas maneiras de dizer a mesma coisa, aprender novas palavras, novas formas de escrever, etc. E eu gosto de ser dona do meu conteúdo. Desde que eu pague a hospedagem e o domínio, os textos sempre ficarão aqui. Ok, alguns de vocês podem pensar também em um cenário apocalíptico em que todos os servidores do mundo são destruídos. Isso pode acontecer, a humanidade é bem xarope e os aliens devem estar furiosos. Deixando essas coisas de lado, o conteúdo é meu e é livre e eu fico satisfeita com isso.
Para uma pessoa como eu que não sabe nada de edição de vídeo e que não é exatamente expansiva e comunicativa, gravar vídeos para o Youtube não parece vantajoso também. Eu sei que eu posso aprender e que eu poderia até me beneficiar do processo de gravação, me tornando uma pessoa com mais habilidades de comunicação. Eu até teria interesse em aprender a me comunicar melhor (eu falo de um jeito muito louco, rápido, uma coisa meio Camille Paglia 😅) e eu poderia fazer um curso de oratória pensando nisso. Isso me ajudaria nas aulas que eventualmente dou. Mas no momento não tenho interesse em aprender a editar vídeos, atividade que dá bastante trabalho e eu teria que negligenciar o conteúdo escrito do meu blog.
Claro que vídeos são ferramentas maravilhosas de divulgação de conteúdo educacional e eu usufruo disso. Mas no momento eu não tenho interesse em produzir esse tipo de material. Muitos blogs têm virado canal também e claro que isso passou pela minha cabeça várias vezes, mas eu estou bem assim no momento. Apenas um blog, um conteúdo escrito e livre.
Acredito que meus leitores entenderam meu ponto de vista nesse texto e não vão “se ofender” ou coisa assim. Ficou claro que eu não estou demonizando o Youtube ou qualquer outro serviço semelhante. Também não acho “errado” um blogueiro virar Youtuber, nada disso! Estou apenas expondo minha opinião sobre uma forma de comunicar que eu pessoalmente prefiro e me sinto mais confortável, que é escrever em um blog. Há todo esse discurso propagandeado pela auto-ajuda de que a gente deve sair da zona de conforto e tal, mas eu vou ficar onde me sinto confortável no momento. É bom ter refúgios.
Se você também gosta de escrever e ainda acredita na força dos blogs (‘bloggar’ agora é retrô), fale um pouco de sua experiência na caixa de comentários. Bom, comente também se você não gosta de blogs 🤣.
De repente vídeos no youtube apenas com palavras sem imagem como se fosse um podcast. Tem um site muito bom chamado xadrez verbal que fala sobre politica internacional. Eles colocam o podcast no site e depois upam ele no youtube, só as falas. Tem tanta porcaria no youtube hoje em dia que precisa de gente boa pra contrabalancear. Mas se você pretende continuar só com os textos continue com eles pois eles são muito bons. As vezes o difícil é começar. Eu mesmo tenho planos de criar um canal sobre obras inacabadas que os governos começam pra fazer demagogia e não terminam. Aqui mesmo no meu bairro tem um centro comunitário que custou 1,7 milhões de reais ao estado e que hoje está com as obras paralisadas sendo depredado e queimando dinheiro público…
Abraços
Olá Ralph, sempre bacana ver você por aqui.
Então, eu já pensei em criar um canal onde os vídeos teriam apenas imagens e apenas comigo narrando o tema daquele vídeo. Ou seja, bem parecido com o que você mencionou. Não é uma ideia que abandonei totalmente.
Talvez você poderia fazer algo nesses moldes também falando dessas obras inacabadas, eu acho o tema muito pertinente. Esses canais de cidadania são excelentes, acho que ajudam o povo a despertar para o real significado de política, que não tem a ver com siglas, mas sim com cidadania.
Abraços!
Sam, mais um maravilhoso texto. Assim como você, prefiro escrever e acabei entrando no YouTube para mostrar alguns DIY, onde as imagens funcionam melhor. Eu não sabia editar, até hoje acho que não sei e estou em constante aprendizado com isso. Confesso que não curto falar para as câmeras, tenho um jeito mais sério que não combina com a pegada atual, que está bem humorística.
Mas eu sigo como um complemento para meu conteúdo, pois hoje a maioria das pessoas (graças a Deus não todas) realmente não lê, está tudo muito visual.
Um beijo, Marrie
Olá Marrie 🙂
Pois é, tem coisas que a gente quer transmitir que só o YouTube torna possível. Até daria para apresentar alguma coisa fazendo uma sequência de fotos, mas o vídeo sem sombra de dúvidas é muito melhor.
Beijão!