
Semana passada vários jornalistas compartilharam com muito pesar o encerramento da revista Mundo Estranho e de mais nove outros títulos da Editora Abril. Parece que não é de agora que a Editora Abril passa por algumas dificuldades financeiras, tendo sido forçada inclusive a mudar sua sede. Dessa maneira, certamente motivada por quais revistas vendiam mais ou menos, a Abril encerrou alguns títulos e concentrou seus recursos técnicos e humanos em outros títulos que são líderes da editora, como a Veja e a Superinteressante, por exemplo. Além disso, fontes internas afirmaram que a Vip e a Viagem e Turismo continuarão devido parcerias e que a Guia do Estudante deverá ser vendida para a Somos Educação {x}.
Faz muito tempo que não compro revistas. Para dizer a verdade, a última revista que comprei deve ter sido há uns 3 meses atrás e era um suplemento especial sobre a Segunda Guerra Mundial. Eu cheguei a assinar revistas no passado (final dos anos 1990, início dos anos 2000): assinei a Newsweek, a Superinteressante e até a Veja por algum tempo. Ainda hoje leio a Revista FAPESP, porque meu marido a recebe.
Na minha época de adolescente, quando não tinha tanto conteúdo na internet como temos hoje (só fui ter internet em casa no final dos anos 90), ler jornais e revistas era primordial para nos mantermos informados. Os jornais impressos de domingo sempre eram adquiridos lá em casa, uma maneira de nos mantermos informados e até de propiciar material para pesquisas escolares. Lembro-me especialmente de um suplemento especial sobre o Mercosul que guardei por bastante tempo e me ajudou em trabalhos de Geografia e História. E quem tem a minha idade mais ou menos vai se lembrar dos fascículos que a gente colecionava e adquiria ao comprarmos certos jornais impressos. Esses fascículos eram encadernados quando a quantidade necessária era completada e dessa maneira a gente tinha um novo item para a biblioteca particular.
Imagino que muita gente parou de adquirir revistas. Por um tempo, revistas passaram a ser coisas quase que exclusivas de bibliotecas e consultórios médicos e odontológicos. Eu lembro de inúmeras vezes ter ido para consultas médicas e sempre pegar uma revista, quando eu estava sem meu livro do momento para ler. Era uma prática bem comum por parte das pessoas, mas que hoje talvez tenha dado lugar ao smartphone. As pessoas ficam ali distraídas “folheando” o Instagram e o Facebook enquanto esperam a vez de serem atendidas.
Dentro desse cenário, fiquei pensando que os blogs são como revistas. Sei que o auge dos blogs certamente chegou ao fim (e falo aqui em termos publicitários, me refiro a ganhar dinheiro apenas com o blog). Mas ainda tem muita gente escrevendo textos muito bons, muito bem referenciados, dentro de áreas que elas estudam profissionalmente ou como hobby. Há blogs de moda e estilo muito bons, blogs acadêmicos, opinativos, etc. Tem para todos os gostos, como costumamos dizer. A questão é procurar, embrenhar-se nesse universo de blogs e então encontrar seus favoritos.
Não é me gabando, mas eu tenho certeza que alguns de meus posts são mais bem escritos do que os textos de algumas revistas. E isso não é exclusividade da minha produção de conteúdo, muita gente escreve super bem de modo que realmente deixam no chinelo os textos escritos por algumas colunas de revistas famosas. Talvez porque tenhamos liberdade ao escrever em um blog, liberdade essa que um jornalista muitas vezes não tem ao trabalhar em uma redação, já que ele precisa ficar preso a um tema o qual muitas vezes não tem nenhuma afinidade e também está atrelado a um prazo para a entrega de um texto, além do limite de caracteres.
Se você já não consome revistas como antes, porém gosta de ler, procure bons blogs dentro de seu tema favorito. Eu costumo indicar alguns blogs quase toda sexta feira e eles estão relacionados nessa lista de posts. Enquanto um texto Superinteressante não pode se referir a um texto da Galileu, pois são publicações de empresas diferentes e rola toda aquela questão de mercado, um texto daqui do blog pode muito bem “puxar” textos de outros blogs e evidentemente indicá-los, até porque eu acredito nessa blogosfera em que a gente compartilha o que é bom e valoriza o trabalho dos colegas.
Vamos valorizar a internet-livro. Uma dica que aproveito para divulgar, para que você possa manter as leituras de seus blogs favoritos em momentos de ócio ou espera é o Pocket, serviço no qual você se inscreve e pode salvar seus links para lê-los depois. É como montar sua própria revista, com suas próprias preferências. Assim você pode ler sobre aquilo que gosta e se desintoxicar um pouco das redes sociais, que nem sempre trazem algo bom, principalmente em época de eleições.
Acredito que a Abril finalmente percebeu que ela vende conteúdo e não revista. Por que as editoras menores, que têm uma linha diferenciada consegue pagar as contas e as grandes não? É novamente a questão do conteúdo segmentado.
É por isso que tanta gente que nunca pisou numa faculdade de jornalismo tá fazendo sucesso com blogs, com vlogs, com portais de informação. A Abril demorou pra perceber isso e agora quase mil pessoas estão sem emprego.
Pois é, Sybylla. Igual vc falou, editoras menores e com conteúdo bem segmentado (que muitas vezes contam com especialistas em seu time de consultores e escritores) ainda conseguem se sobressair. Fico pensando que tudo teria sido muito diferente se a Abril tivesse notado isso antes e investido em bons portais e meios de divulgação que acompanhassem a internet. Fiquei com a impressão que por muito tempo eles viram a internet como uma “rival” das revistas.
Beijos, sempre bom ter seus comentários aqui.