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You are here: Home / Blog / “Minha pesquisa é melhor do que a sua”

“Minha pesquisa é melhor do que a sua”

07/08/2018 By Samantha 5 Comments

Imagem de Stock Unlimited

Quando a hashtag #existepesquisanobr subiu, fiquei sabendo de muitas pesquisas interessantíssimas em andamento. É tão maravilhoso saber que os cientistas brasileiros estão fazendo tanta coisa legal e em áreas do conhecimento tão distintas (como Ciências Sociais e Física Quântica, por exemplo), pois isso renova a nossa esperança no futuro do país. Ainda sou dessas pessoas que tem muita esperança, porque eu conheço muita gente boa no que faz. E aqui não falo apenas de pessoas boas em sua área de atuação acadêmica, conheço também muitas pessoas corretas e íntegras que nem atuam academicamente e que surgindo uma pequena oportunidade estão tentando fazer a diferença na sociedade.

Inclusive eu também contribuí com a hashtag, falando de meu trabalho de fornecimento de dados meteorológicos na Estação Meteorológica do IAG-USP. Eu não atuo diretamente em uma linha de pesquisa, mas através de meu trabalho vários pesquisadores conseguem dados meteorológicos que vão auxiliar em suas pesquisas e o gráfico em pizza que compartilhei no Twitter mostra quantas pessoas solicitaram dados apenas o ano passado, para trabalhos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado, Pós-doutorado e outras bolsas de pesquisa científica:

#existepesquisanobr trabalho dando apoio a pesquisadores de diversas áreas que dependem de dados meteorológicos. Ou seja, apoio à bolsistas de IC, Mestrado, Doutorado, Pós-Doc, dentre outros. Abaixo, o perfil das solicitações de dados que atendi ano passado na @estacao_IAG pic.twitter.com/56R5bFAUar

— 🇧🇷🖖Samantha Martins🌈🌧 (@samanthaweather) August 3, 2018

Toda vez que uma hashtag que permite boas discussões e aprendizado ganha popularidade, muita gente sem noção acaba aparecendo para tentar estragar tudo, tentando ser polêmico e “hitar“, como dizem os jovens. Como esse caso, por exemplo:

E saneamento básico eh feito através de magia e oração, claro. https://t.co/VIfGCnf4UD

— 🇧🇷🖖Samantha Martins🌈🌧 (@samanthaweather) August 4, 2018

Há quem desconheça completamente que todo tipo de avanço que conquistamos no sentindo de melhorar a distribuição de alimentos, melhorar a vida nas cidades, permitir o desenvolvimento de melhores habitações, etc são frutos de pesquisas científicas. Há quem pense que Ciência é apenas “lançar foguetes para o espaço”. E a tão criticada exploração espacial (muitos dizem que é desperdício de dinheiro) trouxe enormes avanços para a Humanidade, sendo extramente injusto tratar as pesquisas científicas nessa área com tanto desprezo.

Ciência não é apenas exploração espacial. Há uma miríade de pesquisas em desenvolvimento, nas áreas de Exatas, Humanas e Biológicas e que muitas vezes acabam se inter-relacionando. Meu marido por exemplo é Geofísico e tem feito um trabalho de pesquisa que envolve Biólogos, Engenheiros, Agrônomos, etc. Inclusive tenho reparado que essas inter-relações cada vez mais intricadas são o futuro, vejo por exemplo quando falamos em Mudanças Climáticas. Nas discussões do IPCC há pessoas de diversas áreas do conhecimento, cada um com uma responsabilidade, para tratar em detalhes não apenas a Física e a Química do Aquecimento Global, mas também todas as consequências para os seres vivos, para a vida das pessoas e para as cidades. Em outras palavras, um cientista precisa do outro e as redes de conhecimento tem ficado cada vez mais amplas e diversificadas, envolvendo não apenas colegas de uma mesma área do conhecimento, mas também colegas de áreas completamente distintas. Quem não pensa dessa maneira abrangente, compreendendo que todas as áreas do conhecimento estão inter-relacionadas, ao meu ver está ficando para trás e produzindo conhecimento científico nos moldes estereotipados: aquele estereótipo do “cientista com laboratório secreto no porão“.

Infelizmente com a subida da hashtag #existepesquisanobr eu notei que não só muita gente pensa dessa maneira ultrapassada, como tem muito cientista que é tomado por uma arrogância enorme ao acreditar que sua área de conhecimento ou sua pesquisa merece mais crédito e incentivos do que a do outro. Eu vi muita gente das grandes áreas de Exatas e Biológicas criticando pesquisas na área de Humanas, principalmente na área de Ciências Sociais. Detalhe que muitos criticaram as pesquisas apenas analisando os tweets escritos por quem participou da hashtag, ou seja, apenas os 250 caracteres que resumem rapidamente os trabalhos. Ou seja, sem terem lido o projeto de pesquisa e principalmente, sem terem conhecimento de todo arcabouço teórico que permitiu que o orientando, seu orientador e o grupo de pesquisa pudessem ter pensado naquele projeto e em sua relevância.

A gente não fala tanto da importância da revisão por pares *? Então, eu não sou o “par” de uma pessoa da área de Ciências Sociais ou Filosofia, por exemplo. Deixe que as comunidades dessas áreas possam avaliar a relevância e a possibilidade de disponibilizar verbas para as pesquisas dessas áreas. Claro que eu tenho minhas opiniões sobre alguns ‘causos’ que chegam até mim, de pesquisas com conteúdo um pouco estranho, digamos assim. Mas eu procuro guardar certas opiniões para mim e entender que o que eu posso exibir é apenas uma opinião bem superficial, talvez até preconceituosa e pouco fundamentada, uma coisa bem opinião de boteco. Claro que eu posso ter razão em algum ponto ou outro nessa avaliação superficial, mas não cabe a mim bater o martelo e dizer que essa ou aquela pesquisa de uma área que não é a minha é inútil. Afirmo mais uma vez que devemos valorizar o saber alheio e aqui no caso específico me refiro ao saber em outras áreas do conhecimento que não a minha. Da mesma maneira que cursei um bacharelado em Meteorologia e um Mestrado na mesma área logo na sequência (além de ter mais de 10 anos de experiência profissional), há pessoas que cursaram um Bacharelado em Ciências Sociais (exemplo), fizeram Mestrado, Doutorado, etc na área. Quem sou eu para tentar “bater de frente” e debater em pé de igualdade sobre essas áreas? É óbvio que não devemos nos curvar diante de argumentos de autoridade. Não é porque fulano é especialista em uma área que tudo o que ele diz sobre aquela área é verdade e é por isso que eu quero e preciso ouvir as vozes dos pares dele, para aprender mais e entender a importância (ou não-importância) dessa ou daquela linha de pesquisa daquela determinada área.

Além disso, más práticas de pesquisa, falta de ética e pesquisas de qualidade duvidosa não são exclusividade de uma única área do conhecimento. Eu já vi pesquisas com projetos mal elaborados ou mal conduzidas em minha área e em áreas relacionadas também. Eu já vi uma pessoa receber um puxão de orelha muito bem dado por plágio durante a sua qualificação (etapa anterior à defesa de uma dissertação ou tese, que dirá se o candidato tem condições para prosseguir). Já li pesquisas muito estranhas, que partem de premissas duvidosas. Quem faz revisão de artigos (algumas pessoas próximas a mim muitas vezes fazem isso), conta várias histórias de artigos mal escritos, com conclusões equivocadas e mal direcionadas, metodologia ruim, etc.

Eu tenho certeza, caro leitor, que você também já deve ter se deparado com coisas medonhas assim em sua área de atuação. Más práticas existem em todas as áreas, é muito preconceito e ignorância achar que a sua área de atuação é a melhor ou é a que está livre dessas situações lamentáveis. O preconceito de algumas pessoas das áreas de Exatas ou Biológicas com a área de Humanas é muito grande e eu já vi gente falando a sério (às vezes fica difícil saber se estão falando sério, Lei de Poe e tal) de que os cursos de Humanas deveriam ser extintos. Já soube também muita gente da área de Humanas que exibe uma soberba enorme, como se fossem “donos das palavras” e que fazem comentários ignorantes sobre a exploração espacial (como mencionei antes), por exemplo.

Respeitem o saber alheio! Recentemente falei da falta de verbas, reconhecimento e incentivo que os acadêmicos brasileiros tem enfrentado e eu acredito que se vamos lutar por um, temos que lutar por todos. Sim, aquela pesquisa que aborda a análise dos papéis de gênero na cultura pop (por exemplo) é tão importante quanto a sua pesquisa que precisa de reagentes específicos vindos do exterior ou que faz com que você tenha que ler artigos da área de Matemática em alemão. Todos estão tentando produzir conhecimento de alguma maneira e todos tem o direito de compartilhar isso e ter reconhecimento. Vamos lutar por um Brasil com pessoas mais cultas, esclarecidas e que entendam a importância de se compreender a sociedade e o ambiente e que compreendam que muitas vezes sociedade e ambiente se relacionam, de modo que um Físico tem muito a aprender com um Sociólogo e vice-versa.

____

* Sobre revisão por pares, leia também esse texto.

Complemento importante!

Essa excelente thread complementa alguns pontos do que eu argumentei aqui nesse post. Foi escrita por um pesquisador da área de Humanas:

Agora pesquisas dignas de receberem financiamento são aquelas ligadas à medicina, engenharia, tecnologias e ciências humanas aplicadas? Como se o desenvolvimento humano que leva a sociedade elencar a esses tipos de conhecimentos um valor maior do que os outros fosse algo natural.

— Marcos Pinheiro (@jaca__) August 8, 2018

 

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Filed Under: Blog, Opinião, Pesquisa Tagged With: opinião, pesquisa científica, trabalho alheio

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Comments

  1. rust cohle (@meistrephilipos) says

    07/08/2018 at 9:01 pm

    Como sempre seus textos são bem lúcidos! Isso é bom, considerando a quantidade de chorume polarizado que existe por aí.

    Eu sou de Humanas, e tenho certeza que pra muita gente eu sou um mamador de teta do governo que não produz conhecimento útil mas recebe pra não fazer nada. Então esse assunto me desperta bastante interesse.

    Esses dias compartilharam num grupo de whatsapp um texto falando que parte desse problema de bolsa foi criado pela expansão do ensino público e de políticas de inclusão. A ideia do cara é que o cenário ideal seria o ensino superior disponibilizar vagas em resposta à necessidade do mercado. A mesma coisa pra abertura de editais de bolsa de ensino e pesquisa.

    Mas as políticas de expansão do Ensino Superior sem a melhora do ensino básico produziram uma “produção” de profissionais acadêmicos altamente especializados que não tem para onde escoar. Não tem vaga pra todo mundo. Pelo mesmo motivo, acabam aceitando muito mais estudantes do que se devia, e muitas vezes estudantes despreparados que tiveram um péssimo ensino básico. Segundo o texto, isso faria a qualidade dos formandos ser bem baixa também — muito embora seja alta demais, ainda assim, para as vagas disponibilizadas no mercado.

    O mesmo raciocínio se aplicaria a essa coisa dos estudos serem úteis ou inúteis, merecerem bolsa ou não. Já que há muita gnte fazendo vários estudos, a originalidade fica mais difícil — eu não tenho certeza se isso é verdade, mas é o argumento do texto que li. A combinação é explosiva: pessoas menos qualificada chegam para se qualificar mais, num cenário pouco fértil a ideias novas. Resultado: temos pesquisas com temas do tipo “o cu é laico”. hahaha

    Isso que expus aqui é um pepino que serve de adendo ao tema do seu texto. Concordo plenamente com tudo que vc escreveu, mas essas outras questões ficam flutuando na minha mente.

    O que acha?

  2. Samantha says

    08/08/2018 at 2:54 pm

    Adoro seus comentários!

    Infelizmente tb tenho certeza que há uma parcela de pessoas (não só na humanas, viu) que ‘mama nas tetas do governo’, aproveitando-se de bolsas sobressalentes em alguns departamentos e que como o texto que você leu diz, não são realmente preparadas para enfrentar uma pesquisa acadêmica e todos os dissabores que ela também proporciona. Essas pessoas ou se aproveitam da situação conscientemente ou vão deixando a ‘vida levar’, sem realmente ter condições técnicas de fazer a pesquisa acadêmica.

    Há muita mão de obra altamente qualificada sem nenhuma oportunidade no mercado (seja publico ou privado) brasileiro. Não se se isso diretamente tem a ver com a aumenta de oferta de bolsas que tivemos há alguns anos, mas eu fico pensando que formaram muito mais pesquisadores do que o Brasil poderia absorver no atual momento. Só a gente observar os departamentos das Universidades públicas, com professores que estão lá atuando há anos, muitos esperando a aposentadoria naquele lugar. E infelizmente muitos desses professores (quero acreditar que uma parcela muito pequena) estão lá apenas encostados, sem realmente produzir significativamente, porque se acomodaram com a situação de serem funcionários públicos.

    As vezes penso que a academia virou meio que um “esquema pirâmide”. Não que todos os doutores formados sejam ruins, longe disso. Eu acho que quando há quantidade, há uma enorme variedade e com certeza tem muita gente boa. Eu digo esquema pirâmide porque um orientador orienta, sei lá, 5 doutorandos, porém esses doutorandos não vão conseguir ser absorvidos tão facilmente pelas Universidades públicas (que ainda é o sonho de muita gente, pois é praticamente a única alternativa em alguns casos). Se desses 5 doutores, 2 conseguirem vagas em Universidades públicas nos 2 anos seguintes a defesa de suas teses, logo estarão orientando mais alunos também. Por isso brinquei que pode se assemelhar a um esquema pirâmide em alguns pontos.

    Fiquei refletindo especialmente sobre o final do que você comentou. Talvez essas bolsas sobressalentes possibilitem pesquisas estranhas do tipo “o cu é laico”. Mas sei lá, a gente teria que ler mais sobre a premissa da pesquisa com esse título “chocante” para ver se ela faz sentido (porque esses títulos do projeto…rs) e ela precisaria ser bem avaliada pelos seus pares. E eu queria ter acesso a dados que de alguma maneira quantificasse quantas pesquisas são no nível “bizarro, nada a ver” e quantas são realmente relevantes. Como avaliar e quantificar isso, é a pergunta que fica.

    Abraços!

  3. rust cohle (@meistrephilipos) says

    08/08/2018 at 3:24 pm

    Suas respostas são muito boas! É legal comentar aqui porque vc realmente dá atenção para o que a gente fala. rs

    Então, deixa eu pontuar algumas opiniões sobre a sua resposta.

    Achei totalmente pertinente a analogia com pirâmide. É isso mesmo! E isso apoia o que a gente tá discutindo: o sistema acadêmico público brasileiro criou um esquema de premiação/recompensa muito quantitativo. Seu currículo é bom quanto mais publicações vc tem, e quanto mais gente orienta. Só que quantidade não é qualidade, e orientar muita gente pode atrabalhar a produtividade do próprio orientador. Além disso, ter essa obrigação de ter sempre um séquito de orientandos chama faz aumentar trabalhos acadêmicos com qualidade “o cu é laico”.

    Realmente não sei se foras das Humanas também é assim, mas em Humanas é bizarra a quantidade de coisas desse tipo que surgem. E vc vê que na maioria das vezes a pessoa que cria esse tipo de trabalho é simplesmente um mau acadêmico. É uma pessoa que não entende nada da área na qual é formada. É o famoso aluno que ao longo do curso só aprendeu a problematizar e a lacrar, e recebeu umas pitadas de autores pós-modernos desconstrucionistas.

    O mu ponto é: estamos num uroboros de formação de maus acadêmicos que tá começando a impactar na qualidade da academia brasileira. Não sei o quanto, mas isso pode acabar impactando na opinião pública sobre ciẽncia.

    Ah, só um adendo: não lembro se já comentei, mas uma amiga minha estudou no mestrado o que psicólogos entendem por ciência, e se eles acham que o que eles fazem é ciência. A pesquisa teve um resultado bizarro. Os psicólogos, a maioria era da pós, não sabem direito o que é ciência, mas a maioria deles acha que o que faz é científico, mesmo aqueles que trabalham com cristais no consultório. Eu nem precisava dessa pesquisa. Quem faz doutorado percebe o nível de formação da maioria dos alunos. O negócio é bem estranho de se ver. Vc vê no doutorado as mesmas problematizações e imprecisões que existiam na graduação.

    Pra fechar queria dizer que eu acho que professores universitários/pesquisadores são os profissionais que mais querem trabalhar. Querer verba é basicamente estar implorando por mais trabalho. Mesmo os acadêmicos das linhas mais “cu é laico” querem trabalhar, querem escrever — prefiro achar, como vc, que uma minoria é realmente “deitona”.

    Enfim, valeu pela atenção ;P

    Abraço

  4. Samantha says

    08/08/2018 at 4:24 pm

    Sabe no que fiquei pensando quando você escreveu “Realmente não sei se foras das Humanas também é assim, mas em Humanas é bizarra a quantidade de coisas desse tipo que surgem. E vc vê que na maioria das vezes a pessoa que cria esse tipo de trabalho é simplesmente um mau acadêmico. É uma pessoa que não entende nada da área na qual é formada. É o famoso aluno que ao longo do curso só aprendeu a problematizar e a lacrar, e recebeu umas pitadas de autores pós-modernos desconstrucionistas?” Naquelas pessoas muito jovens, que começaram uma graduação em humanas agora e já começam a elaborar planos mirabolantes para o TCC ou IC. Alguns desses alunos logo percebem que a Academia não é lugar para especulações sem sentido apenas com o objetivo de lacrar, pois as pesquisam precisam ter bons fundamentos, boa metodologia e bons argumentos. Outros talvez levem essas ‘ideias malucas’ até o final da graduação. E na área de exatas tem alguns também, que vem com uma coisa meio “cientista maluco” e logo percebem que não é bem assim. Ocorre que na exatas a fronteira é bem mais rígida pelo que me parece (e talvez tenha a ver com essa ideia da percepção do que é ciência, igual vc mencionou adiante), enquanto na humanas há algum espaço para uma especulação (digamos assim), porém bem fundamentada. Então talvez – talvez – essa fronteira mais rígida faça o aluno de exatas logo perceber que aquela ideia doida do primeiro ano era apenas uma ideia doida e que deve ser abandonada rapidamente.

    E aqui em ‘ideias malucas’ é preciso pensar em bom senso. Estou falando em coisa sem nexo mesmo, sem argumento forte. Digo isso porque infelizmente há muitos orientadores que desmotivam os alunos em suas pesquisas e muitas vezes eles apresentam ideias boas sim, inclusive apresentam literatura de qualidade para reforçar sua ideia.

    “Ah, só um adendo: não lembro se já comentei, mas uma amiga minha estudou no mestrado o que psicólogos entendem por ciência, e se eles acham que o que eles fazem é ciência. A pesquisa teve um resultado bizarro. Os psicólogos, a maioria era da pós, não sabem direito o que é ciência, mas a maioria deles acha que o que faz é científico, mesmo aqueles que trabalham com cristais no consultório. Eu nem precisava dessa pesquisa. Quem faz doutorado percebe o nível de formação da maioria dos alunos. O negócio é bem estranho de se ver. Vc vê no doutorado as mesmas problematizações e imprecisões que existiam na graduação.” Nossa, que loucura. Os próprios acadêmicos de psicologia (alguns, claro) não sabem que o que eles fazem é ciência. Considero preocupante também, porque penso que isso faz com que algumas pessoas deixem que práticas anticientíficas “entrem” em suas pesquisas ou até em seus atendimentos no consultório.

    E querer verba é querer trabalho, com certeza. Quase todos os professores da minha área que conheci (com uma ou duas exceções) você nota uma mente inquieta, querendo produtividade, querendo novidade e querendo mais alunos justamente para ajudar nesse trabalho, montar linhas de pesquisa. Eles e elas trabalham pra caramba mesmo. Vamos continuar com esse otimismo e esperança de que realmente uma pequena minoria é “deitona”.

    🙂 Abraço.

  5. rust cohle (@meistrephilipos) says

    10/08/2018 at 8:50 pm

    O Pondé diz que isso acontece menos em Exatas porque nessas áreas erros são mais fatais do que em Humanas. Segundo ele, quando alguém em Exatas começa a problematizar muito alguém vai construir um avião ou um prédio que vai cair. Em Humanas não tem um equivalente, se a gente for considerar essas comparações de maneira ampla. É como uma seleção natural mais eficiente em selecionar ideias sensatas e cientificamente críveis em Exatas do que em Humanas. Parece fazer todo sentido com o que vc falou no comentário anterior. rs

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