
Nesse post, eu deixei acumular pouco mais de 15 dias de informações sobre os furacões da temporada de 2018. O maior destaque do período sem dúvidas foi o Furacão Lane, que ocorreu no Oceano Pacífico.
Como nos outros posts da série, vou separar o post de acordo com as áreas de formação de furacões (ou bacias de formações de ciclones). Vou falar sobre as áreas I e II (indicadas na Figura 1 abaixo), sobre a área III e sobre a área IV de formações de ciclones (também indicadas na Figura 1 abaixo). Vou acabar focando mais nas área I e II, pois há dados mais organizados sobre essas áreas, onde o NHC faz um tradicional e excelente trabalho de monitoramento.

Área I: Golfo do México + Atlântico
Para o Golfo do México + Atlântico, os nomes para o Atlântico para a temporada de 2018 são:
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Como vocês podem ver, essa temporada no Golfo do México + Atlântico ainda está bem tranquila. Com relação ao post anterior da série, a única diferença que temos aqui é a ocorrência da tempestade tropical Ernesto, que começou a se formar no dia 12 de agosto e lá pelo dia 15 passou a ser suficientemente organizada para ser chamada de tempestade tropical. Ernesto se deslocou pelo Atlântico, a ponto de atingir a Irlanda e o Reino Unido no dia 19 e deu uma breve pausa na onda de calor que está atingindo a região.

Área II: Pacífico Oriental (costa pacífica dos EUA, México e outros países da América Central e Canadá)
Os nomes para o Pacífico Oriental para a temporada de 2018 são:
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Como podem observar, as coisas no Pacífico Oriental ficaram mais movimentadas quando comparamos com a Área I. Aqui o maior destaque é sem dúvida o Furacão Lane, que atingiu categoria 5 na escala Saffir-Simpson, com ventos máximos ultrapassando 320km/h.
O Furacão Lane teve como maior destaque a quantidade de precipitação associada. Em Mountain View, no Hawaii, a precipitação acumulada chegou a 1321mm ao longo dos dias em que o furacão atuou nas proximidades do arquipélago (como comparação de quantidade, isso é o que chove por ano na cidade de São Paulo-SP). Foi também o furacão mais intenso no Pacífico Central desde o Furacão Ioke em 2006 e o primeiro furacão de categoria 5 no Pacífico desde Patricia em 2015.
Lane originou-se de uma onda tropical que começou a produzir uma tempestade desorganizada a várias centenas de quilômetros da costa sul do México em 11 de agosto. Nos quatro dias seguintes, a perturbação gradualmente se fortaleceu em meio a condições atmosféricas e termodinâmicas favoráveis e se tornou uma depressão tropical no dia 15 de agosto. O fortalecimento gradual ocorreu nos dias seguintes, o que resultou em Lane atingindo o estado de furacão em 17 de agosto, seguido pela rápida intensificação que levou Lane ao status de furacão no dia 18 de agosto. Lane enfraqueceu um pouco, mas na sequência se intensificou novamente e alcançou a categoria 5 no início de 22 de agosto. Quando Lane se aproximou das ilhas havaianas, começou a enfraquecer à medida que o vento vertical aumentava novamente. Em 29 de agosto, Lane deixou de ser furacão devido ao cisalhamento constante do vento.
No dia 23 de agosto, Lane trouxe chuvas intensas ao Hawaii, que causaram enchentes e deslisamentos. Em termos de acumulado de precipitação, Lane é considerado o segundo furacão que causou mais chuva a passar pelo território norte-americano, sendo ultrapassado apenas pelo Furacão Harvey (2017).
Lane causou prejuízos materiais, porém apenas 1 morte relacionada a esse sistema foi reportada.
O furacão Lane já se dissipou, porém temos ainda dois furacões em atividade no momento em que escrevo esse post (dia 31 de agosto). É muito provável que eles sejam tema do próximo post da série, mas já me adianto para falar sobre eles. Tratam-se do Furacão Miriam e do Furacão Norman e aqui acho interessante mencionarmos algo que eu ainda não tinha me dado conta: os nomes das áreas II e III são os mesmos. É como se a Área III fosse uma possível “área de chegada” dos furacões da Área II, uma vez que os furacões se deslocam com a rotação da Terra e se encontrarem águas suficientemente quentes, podem se deslocar por alguns milhares de quilômetros.
Em outras palavras, eu vou falar do Furacão Miriam e do Furacão Norman na Área II (uma vez que anteriormente no texto destaquei a lista de nomes), mas eles estão atuantes na Área III. A Área III também é de responsabilidade e de interesse do governo norte-americano, uma vez que o Hawaii (um dos estados que compõe os EUA) está localizado nessa área. Veja também que o já discutido Furacão Lane também se formou na Área II e se deslocou para a Área III.
Pois bem, o Furacão Miriam trata-se de um sistema que ganhou status de furacão ontem e no momento está localizado a cerca de 1455km a leste de Hilo, Hawaii e 1770km de distância a leste de Honolulu, Hawaii. No momento possui rajadas máximas de 185km/h e encontra-se na categoria 1. De acordo com as últimas previsões, a expectativa é de que Miriam não atinja o Hawaii, ficando apenas atuante em alto mar (Figura 3).

Ou seja, tecnicamente no momento o Furacão Miriam está na Área III (que vou brevemente discutir a seguir). O Furacão Norman no entanto encontra-se na Área II, a uma distância de cerca de 1300km da costa da Califórnia. Norman também ganhou status de furacão apenas ontem e chegou a categoria 4 por alguns instantes, porém no momento não representa ameaça a nenhuma área habitada, de acordo com o cone de previsão (Figura 4):



Área IV: Pacífico Ocidental
Como eu mencionei nesse post, a questão dos nomes no Pacífico Ocidental é um pouco complicada. Embora a maior parte dos países membros do ESCAP/WMO Typhoon Comittee concorde com o que chamam de uma lista internacional de nomes, as Filipinas acabam tendo sua própria lista de nomes. Para não deixar o post confuso, vou falar apenas da lista internacional de nomes (elaborada pelo ESCAP/WMO Typhoon Comittee) para a temporada de tufões de 2018:
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Os sistemas em destaque nesse post são a tempestade tropical Rumbia e os tufões Soulik, Cimaron e Jebi.
O nome tufão é empregado nessa região (entre 180°E e 100°E). Como sempre reforço, é uma questão de nomenclatura local. Tufões e furacões são o mesmo fenômeno e o nome técnico em ciclone tropical.
O tufão Soulik começou a se formar por volta do dia 16 de agosto no Mar das Filipinas e perdeu forças ao atingir a Coréia do Sul (região de Haenam) no dia 23 de agosto. Chegou a atingir ventos de 165km/h. Ao passar pela China, deixou prejuízos de cerca de 80 milhões de dólares. Os efeitos de Soulik também chegaram no Japão e se combinaram aos efeitos do tufão Cimaron, sendo responsável por enchentes, chuvas intensas e cancelamento de vôos.
Já o tufão Cimaron se formou próximo às Ilhas Marshall por volta do dia 16 de agosto e no dia 23 de Agosto chegou ao Japão, onde foi o responsável pelo cancelamento de muitos vôos. Um vídeo incrível inclusive mostra um piloto fazendo uma arriscada manobra para evitar uma tragédia devido aos fortes ventos de Cimaron.
E com relação ao tufão Jebi, é muito provável que eu volte a falar dele no próximo post da série, pois é de categoria 5 e está se deslocando em direção ao Japão.
Super Typhoon Jebi is a Category 5 equivalent storm, and it’s headed toward Japan https://t.co/alhHv5nIE5 pic.twitter.com/Z6nNLdSZWl
— Gizmodo (@Gizmodo) August 31, 2018

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