Ao longo desses anos de blog, já escrevi alguns textos sobre as estações do ano e principalmente sobre o início das estações do ano, que são as datas em que ocorrem os equinócios (Primavera e Outono) e os solstícios (Verão e Inverno).

Bom, os textos que já escrevi sobre o tema são os listados abaixo:
- Quais as principais características da primavera?
- A primavera chegou e está frio? Como assim?
- Está fazendo frio na primavera: as estações do ano estão doidas!
- Início da primavera no Hemisfério Sul: o que isso significa para o Brasil?
Assim como no post sobre a primavera de 2018, meu filho também foi para uma festinha na escola hoje. É uma festa sobre o início da primavera. Decoram a escola com flores, as crianças podem ir com roupas coloridas e tiram lindas fotos. Imagino que esse tipo de comemoração seja muito comum em várias escolas. Quando eu era adolescente, minha escola chegou a organizar o concurso da “Rainha da Primavera”, um concurso de beleza que certamente tem uma origem pagã.
Astronomicamente, a primavera de 2018 se inicia às 22h53 do dia 22 de setembro de 2018. Como sempre menciono todos os anos, isso significa início da estação chuvosa em parte do Brasil (norte da Região Sul, boa parte da Região Centro Oeste, Região Sudeste e sul da Região Nordeste). Como nosso país está quase que totalmente em uma área tropical, não temos as estações do ano tão demarcadas quanto nas áreas subtropicais.
Muitos veem a primavera como a festa das flores, pois várias espécies de plantas ficam dormentes no inverno e voltam a brotar na primavera. Mas claro, estamos falando de regiões onde faz muito frio e neva e a vegetação fica apagada, sem folhas. E conforme vai esquentando, a neve vai derretendo e as cores da paisagem modificam-se dramaticamente. E isso não ocorre nos trópicos, aqui temos plantas o ano todo, apesar de algumas espécies ficarem realmente mais bonitas e floridas quando começa a chover (que aqui para nós coincide com o início da primavera, conforme destacaremos ao longo do texto).
Uma das plantas que vemos muito em São Paulo-SP essa época do ano são os ipês, especialmente os ipês amarelos, plantados até em partes das margens dos lamentavelmente poluídos rios da nossa cidade. Os ipês ficam praticamente sem folhas no inverno e enchem-se de flores no final do inverno e início da primavera (muitos ipês no momento já estão perdendo as flores, já com vagens). Essa florada tem a ver com a chegada da estação chuvosa.
A gente importou muito essa noção de estações de ano bem “marcadinhas” de países estrangeiros localizados nas latitudes médias do Hemisfério Norte. Nesse post, eu explico o fenômeno das estações do ano. As estações do ano ocorrem por razões astronômicas e tem a ver em qual posição do movimento de translação a Terra está.
Ainda há quem diga que as estações do ano tem relação com a proximidade do Sol. Isso é um enorme equívoco! O que determina as estações do ano é a inclinação do eixo terrestre, que faz com que em um período do ano o Hemisfério Sul seja privilegiado em termos de recebimento de radiação solar (ou seja, o verão do Hemisfério Sul e inverno do Hemisfério Norte, que tem seu ápice por volta de 22 de dezembro) e em outro momento quem tem esse privilégio é o Hemisfério Norte (o solstício de verão do Hemisfério Norte e de inverno do Hemisfério Sul ocorre por volta de 21 de Julho). A distância Terra-Sol em nada contribui nessa conta. A figura a seguir mostra a datas que mencionei, porém aconselho também a leitura desse post.

Se você vive em latitudes médias e altas (acima de 30° de latitude N ou S), você realmente vai perceber com mais intensidade os sinais das estações do ano. Vai notar os períodos de transição (outono e primavera) e os períodos de calor (verão) e frio (inverno). Quanto mais distante da linha do Equador, maior essa percepção de variações ao longo do ano.
Quem vive em áreas tropicais não sente muita diferença na temperatura ao longo do ano. Quero dizer, o inverno das áreas tropicais não é nem um pouco rigoroso e a amplitude térmica anual é bem menor do que nas localidades em latitudes médias/altas.
O que vai realmente marcar o clima em uma região tropical é a precipitação. Os climas das regiões tropicais possuem em geral uma estação seca e uma estação chuvosa bem definidas. Em boa parte do Brasil, as chuvas começam entre Setembro e Outubro, então a gente pode dizer que o retorno das chuvas intensas são uma marca da nossa primavera.
Para explicar isso melhor, vou citar uma recente nota técnica do INMET, que contém o Prognóstico Climático da Primavera:
A Primavera no Hemisfério Sul inicia-se no dia 22 de setembro de 2017 às 17h 02min e termina no dia 21 de dezembro às 14h 28min (Horário de Brasília). Climatologicamente, é um período de transição entre as estações seca e chuvosa no setor central do Brasil, onde há o início da convergência de umidade, que define a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste, bem como a parte centro-sul da região Norte. Os volumes de precipitação no norte da Região Nordeste costumam ser inferiores a 100 mm, principalmente para o norte do Piauí e noroeste do Ceará. Já na Região Sul, podem ocorrer episódios de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), que estão associados a chuvas fortes, rajadas de vento, descargas atmosféricas e eventual granizo. Com o gradativo aumento das chuvas em grande parte do país nesta época do ano, tem-se o início do plantio das principais culturas de verão.
Ou seja, é na primavera que começa a estação chuvosa em boa parte do setor central do Brasil. Como essa área engloba regiões de extensa atividade agrícola, isso significa que é na primavera que tem-se início o plantio das principais culturas de verão. Se você quiser saber qual o prognóstico climático da primavera para a sua região, consulte a toda a nota técnica que mencionei.
Para finalizar, não quero acabar com a festinha do meu filho. Quero que ele seja feliz e aproveite todos os momentos de alegria e convivência com seus amiguinhos e é o mesmo que desejo para todas as crianças. Ontem, eu estava contando para ele que a primavera é um recomeço e tem bem consolidado o significado de esperança. A chuva é um sinal de esperança e alegria, acredito que os educadores podem aproveitar a chegada da chuva para falarem em economia de água, ciclo hidrológico, preservação das matas ciliares, uso racional da água e outros temas relacionados.
Esse post foi quase que uma cópia integral do post sobre a primavera de 2018. Fiz isso porque realmente estou sem tempo e não pensei em mais nada para acrescentar.
Como eu disse anteriormente, a chegada da estação chuvosa é um momento legal para falar sobre ciclo hidrológico. E se você deseja falar sobre ciclo hidrológico com seus alunos, acredito que dois posts em particular podem te ajudar:
Livros indicados

Vou falar de um livro em português que é super recomendado para quem está iniciando seus estudos em Meteorologia. Meteorologia: noções básicas conta com um time de autores excelentes (Rita Yuri Ynoue, Michelle S. Reboita, Tércio Ambrizzi, Gyrlene A. M. da Silva), todos professores de cursos de Meteorologia de diversas regiões do Brasil.
Hoje, o jornal em qualquer mídia apresenta e explica a dinâmica meteorológica. Embora façam parte de um sistema complexo, os fenômenos meteorológicos são apresentados nesta obra de forma simples e didática, desde os conceitos básicos de composição e estrutura da atmosfera até a previsão do tempo e do clima e as mudanças climáticas. {x}
Outro livro bem bacana é o Geografia Aplicada ao Turismo, livro escrito por vários autores com organização do Raphael de Carvalho Aranha e do Antônio José Teixeira Guerra.
A obra apresenta uma abordagem ampla e integradora das ciências sociais e ambientais, numa perspectiva interdisciplinar, evidenciando a aplicabilidade da climatologia, geologia, geomorfologia, biogeografia, cartografia, geopolítica e cultura no Turismo, auxiliando esses profissionais a planejarem suas atividades turísticas, em escalas locais e regionais.
Todos os autores do livro são especialistas nas suas áreas e já vêm trabalhando há bastante tempo nos temas que se propuseram a escrever. Os sete capítulos abordam questões cruciais para a boa formação de um profissional em Turismo e para aqueles formados em Geografia que também se interessam pelo tema.
A grande quantidade de fotos, ilustrações, tabelas e gráficos pode auxiliar os leitores a entender melhor essas questões. A bibliografia apresentada também possibilita aos leitores se aprofundar em algum tema abordado no livro. O livro Geografia aplicada ao turismo pretende atender tanto a alunos de graduação como de pós-graduação em Turismo, Geografia e áreas afins, bem como a outros profissionais e ao público em geral interessado nessa temática. {x}
Geografia Aplicada ao Turismo é um livro muito indicado para profissionais da área do Turismo e Geografia. Se você viaja bastante, também é super recomendado! Confira!
E preciso indicar também dois livros de Climatologia, matéria essencial nos cursos de Geografia e Meteorologia (embora com abordagens diferentes). Indico Climatologia Fácil, de Ercília Torres Steinke. De acordo com o texto de divulgação:
O que faz a asa-delta voar? O que é o fenômeno El Niño? Como são formados os desertos? Qual a diferença entre furacão e tornado? Perguntas cotidianas, feitas por alunos e reunidas pela autora durante seus mais de 15 anos de experiência no ensino de Climatologia, servem como ponto de partida para explicar conceitos e fenômenos climáticos de forma prática e original.
Ricamente ilustrada, a obra utiliza exemplos práticos para explicar os principais conceitos da Climatologia Geral, como movimentos de rotação e translação da Terra, radiação solar, umidade, precipitação e circulação atmosférica. Ao final do livro, a autora discute o aquecimento global e as polêmicas que o envolvem, levando o leitor a refletir sobre esse importante tema.Climatologia fácil é uma referência prática e descomplicada para alunos de graduação em Geografia e Meteorologia e professores de ensino fundamental e médio, assim como todos aqueles interessados em conhecer mais sobre os fenômenos climáticos a partir de exemplos do nosso dia a dia. {x}
O próximo livro de Climatologia é o Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. Os autores são Francisco Mendonça e Inês Moresco Danni-Oliveira. De acordo com o texto de divulgação:
Climatologia: noções básicas e climas do Brasil é uma obra de referência que reúne conceitos básicos de climatologia e meteorologia, com destaque para os domínios climáticos e sistemas atmosféricos que regem tempo e climas do continente sul-americano e Brasil.
Ao longo de sete capítulos, o livro traz um panorama sobre o clima e define didaticamente as diferenças entre climatologia e meteorologia. Iniciando com o ambiente onde ocorrem os fenômenos, analisa as propriedades da camada atmosférica com 10km de altura em torno da Terra e sua circulação. Mostra a dinâmica determinada por massas e frentes de ar na América do Sul.
O livro resgata o papel histórico das classificações, discute os modelos de classificação climática da Terra e apresenta os grandes domínios climáticos. Analisando as variações de temperatura e pluviometria ao longo dos anos, nas diversas regiões do País, define e apresenta os tipos climáticos do Brasil.
O livro reserva um capítulo final para falar sobre efeito estufa, desertificação, El Niño e La Niña, associados às mudanças climáticas globais.
Francisco de Assis Mendonça é mestre em Geografia Física, doutor em Clima e Planejamento Urbano. Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisador do CNPq, consultor da CAPES e FAPESC. É professor colaborador do mestrado em várias universidades do País. Atua nas áreas de climatologia, epistemologia da geografia, ambiente urbano e geografia da saúde.
Inês Moresco Danni-Oliveira é mestre e doutora em Geografia Física. Atualmente é professora adjunta da UFPR. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Climatologia Geográfica, atuando principalmente em clima urbano, poluição do ar e saúde, acidentes climáticos, impactos socioambientais e variabilidade climática. {x}
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E como sou o “chaaaato”…
Não se esqueça que também temos a entrada do inverno, se é que lá possamos falar de inverno, em uma pequena parte do Brasil. Lembre-se que o Brasil é cortado pela linha do Equador. [8)
Nemo, o “chaaaaato”
e cada “chaaaaaato”
Nessa você foi bem chato mesmo, hahahaha. Digamos, criterioso.
Eu nao mencionei isso porque tão perto do Equador, em termos meteorológicos não faz tanta diferença. Mas em termos astronômicos, sem dúvidas é um marco muito importante.
Então astronomicamente falando, o outono começou na pequena parte brasileira que está ao norte da Linha do Equador:)
Obrigada pelos sempre usuais comentários bacanas.