
Em minha primeira gestação, eu realmente fiquei muito mal. E quando falo mal, falo com sentimentos ruins e conflitantes dentro de mim. Muita ansiedade, insegurança, impaciência, etc. Além da insegurança da primeira gestação, eu vivi um momento um pouco complicado na vida pessoal em boa parte da gestação e nos primeiros meses de meu filho.
Nessa gravidez minha vida está bem melhor em muitos aspectos e eu devo boa parte disso ao meu esforço pessoal. Muitas coisas que dependiam de outras pessoas melhoraram, é verdade (e sou grata a Deus por essas bênçãos). Mas eu também mudei minha forma de encarar certas situações (e sou grata a Deus pela minha evolução). Aprendi a não me deixar afetar por comentários ridículos ou por situações que fogem do meu controle.
Vejam bem, aprendi (e estou aprendendo) a não me deixar afetar. Isso não quer dizer que eu ignore completamente certas coisas que me acontecem ou que me dizem.
No post de hoje vou falar sobre a questão do peso. Falei rapidamente sobre isso em meu stories no Instagram, mas acredito que vale um texto mais elaborado sobre o tema.
Nós mulheres sempre estamos sujeitas a comentários sobre o nosso corpo. Fulana está magra demais, está gorda demais, não tem volume nos “lugares certos”, tem celulite, a pele está feia, o cabelo está feio, etc. Sabe o que é pior? A maior parte desses comentários partem de nós mesmas. Nós nos depreciamos e depreciamos também outras mulheres. Esse círculo vicioso precisa acabar!
Vejam, claro que todas nós podemos nos examinar e melhorar a aparência, caso desejemos. Seja um corte de cabelo novo ou um lifting facial. Claro, desde que isso seja feito de dentro pra fora. Eu quero dizer, você se sente bem e plena e pensa: “vou oferecer um mimo para mim, para que eu me sinta mais bela”. Mas eu não me refiro a essas situações de decisão pessoal de mudança e de auto-exame. Eu me refiro a situações em que as pessoas fazem comentários desagradáveis sobre sua aparência, que te depreciam e fazem você se sentir mal. Ou situações inversas: em que você fala coisas desagradáveis para outras pessoas.
Eu ouvi alguns comentários sobre minha aparência que me deixaram chateada. Não me abalaram como abalariam na primeira gestação, mas foram comentários que me deixaram chateada. Recentemente, uma mulher que conheço disse que estava conversando com outra mulher que também conheço e elas chegaram a conclusão que eu “estou mais gordinha agora do que na gestação anterior”. Eu não gostei do comentário e meu marido me deu sugestões pouco simpáticas de respostas para futuras situações parecidas (eu ri muito, confesso).
Eu não gostei do comentário porque é desagradável saber que duas pessoas estão conversando aleatoriamente sobre sua aparência e que acham que isso é normal. Observem, as pessoas fazem isso o tempo todo em programas e revistas de fofoca e eu fiquei pensando na chateação que as celebridades precisam enfrentar constantemente. Eu não gostei porque eu estou feliz e saudável, mas as pessoas só reparam na minha aparência. São pessoas que não têm conversas profundas comigo, sabem pouca coisa sobre mim.
Além disso, quem tem que saber sobre meu ganho de peso é minha médica e outros profissionais de saúde que me acompanham. Não entendo como pessoas aleatórias, que estão a se basear por observações superficiais, concluem se ganhei mais ou menos peso. Não sabia que seus olhos eram equipados com sensores que detectam densidade e volume e então calculam a massa. Acho que nem o VISOR do Georgi La Forge é capaz disso.
Quebrando o círculo vicioso
Comentários sobre a aparência podem chatear. Mesmo comentários positivos, porque imagino que chega uma hora que uma moça considerada extremamente bonita pode ficar irritada com tantos comentários positivos e até exagerados, uma vez que ela tem muitos outros potenciais, como qualquer pessoa. Mas claro, chateiam principalmente os comentários considerados negativos.
Então fica a pergunta: se eu não gosto de receber comentários negativos, por que vou fazer comentários assim sobre outras pessoas? Acho que é hora de todas nós examinarmos nossa postura e nossas falas. Se você está em uma rodinha de conversa onde estão fazendo body-shaming com alguém, retire-se da rodinha ou tente mudar de assunto. Acho que nem é necessário dar “lição de moral”, apenas retire-se. Se você tem amigas que possuem esse perfil de falar mal dos outros o tempo todo, tente dar um toque educado para elas. Se elas não forem receptivas com você, pode ser que se afastar seja uma necessidade.
Depois da experiência das duas gestações e do próprio processo de envelhecimento, estou muito sensível a isso. Quero usar essas experiências negativas que tive para mudar minha maneira de agir. Como cristã, penso no Salmo 1:
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.
Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha.
Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.
Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.
Não é certo fazer escárnio dos outros, por pura empatia e amor ao próximo (como pregava Jesus). Se eu não gosto que façam comigo, porque faria com outras pessoas? Eu acredito que essas situações que vivi estão me fazendo fortalecer nesse ensinamento.
É uma pena que nós mulheres continuemos a repetir esse círculo vicioso. Sofremos com comentários assim e fazemos comentários assim. Vamos tentar mudar e quebrar essa cadeia de comportamentos.
– Não fique reparando na moça gorda que faz academia ou que está no clube, ela está ali para se sentir bem assim como você está.
– Não idolatre “padrões de beleza” propostos pela mídia. Claro que sempre admiramos alguém, mas não deixe essa admiração transformar-se em obsessão e em motivo para se autodepreciar ou depreciar os outros.
– Não julgue os outros pela sua sexualidade, expressão corporal, maneira de se vestir, etc. Se a pessoa está na dela, sendo feliz e sem prejudicar ninguém, por que devemos dar nossa opinião sobre isso?
-Por falar em opiniões, pense muito antes de falar. Quando as coisas estão dentro de nossas cabeças, temos tempo de refletir sobre essas ideias e até de descartá-las. O complicado é quando decidimos dar nossas “brilhantes opiniões” por aí, falando para outras pessoas ou escrevendo nas redes sociais sobre todas as coisas que chegam em nossas mentes. É aquela história: você pica um monte de papel e joga os pedacinhos do décimo andar e depois não dá para recolher tudo.
– Vamos lutar para não sermos superficiais. Em um mundo que valoriza a estética, fotos perfeitas no Instagram e looks impecáveis em vídeo, torna-se difícil não ser superficial. Avalie as pessoas pelas suas ideias, pelos seus feitos e pelo seu caráter.
O Senhor, contudo, disse a Samuel: “Não considere a sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração“.
Acredito que esses tópicos que listei são ideias para que nos auto-examinemos e assim poderemos juntas quebrar esse círculo vicioso da cultura do body-shaming. E leia mais sobre body-shaming aqui.
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Sei que pode parecer curioso para alguns que eu mencione Jesus em um post da série A “Cientista” Grávida. Eu achei que poderia não fazer sentido, mas mantive mesmo assim para dar continuidade a série. Acredito que também posso contribuir mostrando esse meu lado com fé e esperança, porque eu sou assim! E quem já leu outros posts do meu blog (como esse) sabe que eu sou bem resolvida na separação entre fé e ciência, para mim não há conflito que possa prejudicar meu trabalho de divulgação científica. Não fiquem pensando que todo cientista é ateu, hahahaha. Deixando muito claro que não há nenhum problema em ser ateu ou ter uma outra religião que não a minha, eu tenho essa ideia Star Trek de vida de que todos nós podemos coexistir e aprendermos uns com os outros.
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Acompanhem a primeira temporada da série A “Cientista” Grávida – A Série aqui (posts sobre minha primeira gravidez). Além disso, também tive uma gravidez anembrionada entre uma gestação e outra e falei sobre esse tema nesse post.
E claro, acompanhem também a segunda temporada (posts sobre minha segunda gravidez).
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