
O título desse post, “Pais admiráveis educam pelo exemplo“, é um livro da Cris Poli cuja leitura concluí recentemente e eu preciso indicar.
A Cris Poli ficou famosa em todo o Brasil depois de ter atuado como a Supernanny, na versão brasileira do programa que foi por muito tempo transmitida no SBT. O programa foi um sucesso e o Brasil todo pode conhecer essa mulher que ao meu ver transmite disciplina, porém com amabilidade. Após o sucesso do programa, sua figura tornou-se sinônimo de disciplina infantil. Ela se tornou palestrante e escritora. Pais admiráveis educam pelo exemplo é o primeiro livro de sua autoria que leio e pretendo ler os demais.
Eu gostava muito de assistir Supernanny. Eu ainda não tinha filhos, mas eu tinha certeza que queria fazer algo muito semelhante ao método proposto pela Cris Poli. Eu vim de um outro modelo de educação, que não era muito aberto ao diálogo e onde castigos físicos eram comuns. Por favor, não se assustem se você for mais novo ou se não foi criado assim, era o método defendido pelas pessoas antes, embora ao meu ver seja quase unanimidade de que hoje em dia não há mais espaço para palmadas, graças a Deus.
Pois bem, aqui em casa temos Cantinho da Disciplina, temos abraço, temos beijinhos, etc. Não sei se estou fazendo certo, mas faço o melhor que posso. Educar filhos é algo sempre polêmico, sempre aparece gente querendo dar pitacos sem compreender a rotina da família e a história de vida dos envolvidos, embora evidentemente haja algumas unanimidades: é necessário paciência, boa vontade, firmeza, limites, etc. Como uma vez disse uma amiga: ser mãe/pai é igual fazer pilates – se está fácil demais, você está fazendo errado.
Em Pais admiráveis educam pelo exemplo, Cris Poli toma como ponto de partida um versículo bíblico que é conhecido por cristãos praticantes, sendo um importante alicerce da fé cristã:
“Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei” (Gl 5:23).
São os frutos do Espírito. Para cada fruto do Espírito, Cris escreveu um capítulo com dicas para que os pais ensinem seus filhos a cultivar cada um desses frutos em suas vidas. O livro também propõe reflexões para que os pais entendam que eles mesmos precisam desenvolver esses frutos dentro de si para ajudar seus filhos nesse cultivo, já que temos que dar o exemplo.
Mesmo que você não seja cristã, provavelmente vai concordar que as qualidades apresentadas em Gálatas 5:23 são desejáveis em todas as pessoas. O livro parte dessa ideia, de modo que ela pretende inspirar as pessoas independentemente de sua religião. Mas claro, se você for cristã como ela vai se sentir ainda mais representada pelo livro, já que ao longo do texto ela menciona vários versículos bíblicos inspiradores que tem relação com cada um dos frutos do Espírito.
O livro me permitiu uma imersão, uma análise pessoal. Será que eu estou permitindo o desenvolvimento desses frutos em minha vida? Porque se a gente for analisar, como eu disse antes, esses frutos são considerados qualidades. Ou seja, as pessoas que tem essas qualidades na maioria das vezes são admiradas. Por outro lado, as contingências da vida dificultam a germinação desses frutos. Um exemplo é o fruto da mansidão, que é bastante difícil de germinar (não que os demais não sejam). Muita gente interpreta mansidão como fraqueza de caráter, como a ideia de ser alguém frouxo ou que não tem voz para nada. Num mundo em que geralmente vence quem fala mais alto, ser manso pode te colocar numa desvantagem (diante das regras desse mundo). Outro dia eu estava lendo sobre Comunicação Não-Violenta (CNV) e percebi que muitos de meus posts aqui no blog não seguem os preceitos dessa área de estudos (que lamentável!). E também percebi que CNV é basicamente agir com mansidão! Ou seja, acredito que estamos cercados por tanta grosseria e violência que há quem esteja tentando pensar em maneiras mais adequadas de se comunicar e isso é extramente importante dentro da ideia de um texto escrito, já que vocês não podem olhar nos meus olhos, observar meus gestos ou entonação da minha voz.
Os próprios cristãos tem falhado e não estão agindo com mansidão. Sabe o pastor que fala mal das minorias? Sabe o pastor que grita no púlpito e assusta os bebês? Sabe a irmã que é grossa com a outra irmã só porque ‘quis exortar’? Então, temos falhado muito! E com as redes sociais, temos falhado em dobro, já que a ideia de distanciamento favorece muitas vezes uma linguagem que é o exato contrário da mansidão.
Portanto, eu recomendo o livro para que cada uma de nós possa se examinar e para que possamos estimular nossos filhos a serem seres humanos mais tranquilos, amorosos, bondosos, respeitosos, etc. Cris Poli mostra na obra todo seu conhecimento bíblico como uma cristã devota e evidentemente imprime também sua experiência como educadora. Cris é formada em Educação no IES en Lenguas Vivas “Juan Ramón Fernandez” e também é formada em Letras, pela USP (leia aqui). Radicada no Brasil há muitos anos, atuou como professora na Argentina e no Brasil. Ou seja, além de sua vivência enquanto mulher cristã, Cris coloca em sua obra toda sua experiência profissional. Ela também é mãe e avó, ou seja, ela tem que ser ouvida (mesmo que você não concorde com ela).
Sobre dar o exemplo
Além de possibilitarmos que nossos filhos desenvolvam um bom caráter através de nosso próprio exemplo, também podemos estimular o desenvolvimento da imaginação e estimular a busca por conhecimento. Eu procuro falar sobre isso aqui no blog em várias ocasiões e eu escrevi dois posts bem nessa linha:
- Se eu não tenho bons hábitos, como meu filho vai ter?
- Vamos falar novamente sobre como incentivar nossos filhos a gostar de Ciências.
Lembrando que eu não sou “sumidade” no assunto e nem um exemplo perfeito a ser seguido, essa não é minha pretensão aqui no blog. Sou uma pessoa que erra e acerta e tenho buscado a humildade, sempre.
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