Antes de qualquer coisa, convido vocês a ler o post onde falo minha opinião sobre homeschooling (leia aqui). Escrevi o post em 2017 e eu nem podia imaginar que em 2020 estaríamos vivendo uma situação em que o homeschooling é uma opção viável e em muitos casos, a única opção.

Antes vamos dar uma palavrinha sobre EaD
Com a pandemia de Covid-19, as escolas e universidades tiveram que fechar. A alternativa oferecida em alguns casos foi o ensino à distância (EaD). Se esse é o seu caso, convido que leia esse post onde dou dicas para extrair o melhor de cursos EaD. Como tudo meio que foi feito às pressas, eu imagino que o material de muitas instituições de ensino não esteja totalmente adaptado para a realidade EaD e toda sua potencialidade (vídeos, fóruns, plataformas de discussão, etc). Uma colega, professora universitária, me confidenciou que foi convidada às pressas para rapidamente fazer alguns slides e apresentar aulas de vídeo (que ela gravou em casa). Ou seja, teve muito professor que precisou correr para deixar seu escritório minimamente organizado e fazer uma videoaula agradável. Além disso, os slides que são apresentados na sala de aula nem sempre são adequados ao EaD. Essa questão da urgência e de ter que fazer as coisas de maneira apressada e com qualidade duvidosa, fez com que muitos professores defendessem o cancelamento do semestre. No entanto, não soube ainda se essa possibilidade de cancelamento já foi discutida ou realmente implantada por alguma Universidade.
O EaD não tem sido empregado apenas nos cursos universitários. Algumas escolas adotaram EaD para o Ensino Fundamental e Médio. A ex-professora do meu filho estava ensinando seus aluninhos (4 anos!) por conferência de vídeo. Bom, trata-se de uma escola particular e todos tem acesso à internet. Sabemos que não é a realidade de muitos lares brasileiros.
As escolas que adotaram EaD para o Ensino Fundamental e Médio tiveram que se apressar também. A maioria nem deve ter conseguido implantar uma plataforma própria e a coisa toda está correndo com ferramentas que já existem: WhatsApp, e-mail, Google Classroom, etc. Imagino que até os alunos situarem-se na nova realidade, muitos dias serão perdidos. Eu já fiz alguns cursos EaD em que o período de ambientação era algo colocado no cronograma do curso. Ou seja, um período para que o aluno se entendesse com as ferramentas do ambiente virtual do curso. Como nesse caso específico que estamos vivendo o semestre já está correndo, esse período de ambientação não pode demorar muito para não atrasar as atividades. Em outras palavras, o cronograma teve que ser todo refeito e imagino a dor de cabeça dos professores e coordenadores.
Alguns cursos universitários já tinham sua versão presencial e EaD. Para esses casos ficou mais fácil, porque já tinha um material adaptado. Mas eu fico apenas imaginando os protestos dos alunos do curso presencial, que normalmente pagam um pouco mais caro pela mensalidade e preferem a modalidade presencial. Um curso em EaD não agrada a todos, porque exige um grau maior de comprometimento e disciplina, na minha opinião.
Para outras dicas sobre EaD, confira esse post também. Como tem muita gente fazendo cursos online (principalmente agora), acredito que essas dicas são muito válidas.
Homescooling: a opção usada principalmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Em outras situações, as instituições de ensino optaram por uma espécie de homeschooling. Já conversei com algumas mães de crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental que estão vivendo essa realidade, como também é meu caso. Seja o homeschooling ou o EaD (ou algo híbrido), creio que posso dar algumas dicas que podem ser bem úteis.
Minha experiência com homeschooling
Ano passado eu mudei de Estado e meu filho consequentemente mudou de escola. Ele ficou quase todo o mês de junho fora da escola, o que emendou com o mês de julho. Em um primeiro momento, pensei em deixar ele em casa durante o segundo semestre de 2019. Porem pensamos com cuidado e concluímos que deveríamos colocá-lo na escola o quanto antes, para socialização. E foi perfeito! Em uma semana ele foi completamente aceito pela turma e já tinha melhores amigos. E terminou 2019 bem adiantado no processo de alfabetização.
Ao longo do mês de junho e julho eu fiz um homeschooling simplório com ele, apenas para ele não perder o ritmo do que já vinha aprendendo. A professora mandou o livro inacabado do primeiro semestre e concluímos em meio a caixas de mudanças e incertezas. Também lemos bastante e depois que instalei a impressora peguei algumas atividades na internet. Permiti que ele usasse o tablet moderadamente (dei dicas de apps aqui e aqui).
A principal dica que dou para que o homeschooling funcione bem é a rotina. Eu fui aconselhada, pela professora do meu mais velho, a fazer as tarefas na mesma hora da aula. Meu filho estuda a tarde, então depois do almoço nós já começamos as atividades. Eu sigo tudo o que a professora indicou no pequeno cronograma que foi elaborado às pressas. Percebi que há menos atividades do que as que ela apresentaria em sala, imagino que é porque nem todos pais tem afinidade com o ensino. Pois bem, eu aproveito que ele já está no ritmo e eu crio novas atividades baseadas no que ele está vendo.
Eu tenho em casa algumas revistas e livos de atividade. Há uns dois anos ele ganhou um livrinho com mais de 200 atividades e muitas não eram apropriadas para a idade dele. Ele fez apenas as que ele conseguia e agora, que ele está sendo alfabetizado, ele consegue fazer as outras atividades. Então todos os dias eu procuro, nesse livrinho e em outros que tenho aqui, atividades que tenham relação com o que ele está vendo.
Uso muito a imaginação, conto histórias sobre a família e peço para ele escrever os nomes de alguns familiares e objetos ou lugares mencionados na história que contei. Uso massinha de modelar, desenho, papel picado, etc.
O bom de ensiná-lo logo depois do almoço, além de aproveitar a rotina escolar, é que meu mais novo está dormindo. Na verdade o pequeno tinha que dormir lá pelas 15h, o que é dentro da rotina escolar dele. Mas não tenho condições de corrigir isso agora, porque eu aproveito a hora que o pequeno dorme para ensinar o maior. E olha, eu ensino o maior enquanto lavo a louça e arrumo a cozinha (a mesinha e a cadeira dele ficam atrás de mim). Não é o mais adequado, mas é o que eu posso oferecer no momento.
Bom, o que descrevi até agora é a rotina do meu filho mais velho (4 anos). E o mais novo (1 ano)? Eu baixei o app Kinedu que estará gratuito até o dia 15 de abril. Sigo algumas das atividades descritas lá de acordo com a idade dele. Além disso, nós cantamos e dançamos bastante hahaha. E eu deixo ele rasgar papel, brincar com seus brinquedos, conto histórias e bolei uma atividade sensorial com bolinhas de gel. Os horários de aprendizado do pequeno são mais flexíveis, com a participação do mais velho.
Para o mais novo, a professora não apresentou um cronograma de atividades. Ela apenas deu uma lista de atividades que poderíamos fazer com ele para dar continuidade ao trabalho em sala. Ela falou sobre a importância de conversar com ele articulando muito bem os sons, falou da importância da hora do conto e das músicas com gestos. Tenho seguido, portanto, o app Kinedu e as orientações da professora.
Finalizando
Acho que com esse texto eu quero dizer que tudo bem se você não conseguir oferecer uma estrutura de sala de aula em sua casa. Não tem como, é outra realidade e você tem várias outras tarefas para fazer. E se você não é da área da educação, não se cobre para oferecer algo que não sabe. Leia a respeito, tenha muito amor e paciência e lembre de como você gostaria de ter sido ensinada quando tinha a idade dele.
O que quero dizer é que é possível improvisar e aproveitar essa situação passageira para se conectar com seus filhos. Eu já tenho notado mudanças positivas em nosso relacionamento e no aprendizado dele, percebo que ele está lendo cada vez melhor e já conhece os números entre 10 e 20, o que ele não sabia até 10 dias atrás. Ou seja, creio que estou conseguindo dar continuidade no excelente trabalho da professora.
Seja paciente, fale baixo e entenda que você vai ter que repetir o que já disse algumas vezes. Reflita sobre a importância da professora, sobre sua competência e sobre a paciência dela (que encara uma sala inteira cheia de crianças). Dê um abraço na professora de seu filho depois que a pandemia passar. Valorize o trabalho dos profissionais de educação.
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