
Contei num post recente a respeito de minha experiência recente com homeschooling durante a epidemia e mencionei alguns casos de EaD de última hora, como quando falei sobre minha colega que é professora de uma universidade particular e de última hora precisou gravar vídeos com seus conteúdos a pedido da universidade.
E quanto as universidades públicas? Pois bem, graças a uma maior gama de possibilidades de acesso à Universidade (ENEM, cotas, etc), o perfil dos alunos das universidades públicas mudou bastante nos últimos anos, sobretudo das federais. Isso é excelente, já que mais alunos provenientes da classe média baixa estão tendo a possibilidade de ingressar em uma universidade e mudar suas vidas e a de suas famílias.
Ocorre que esses alunos não tem acesso regular a internet em suas casas. Muitos dependem de toda a infraestrutura da universidade para poderem dar continuidade em seus estudos, já que não tem um computador ou acesso a internet em casa. Ou seja, se decidirem de última hora implantar EaD nos cursos devido às medidas de isolamento em decorrência da pandemia, esses alunos mais pobres não terão como dar prosseguimento no curso. Como leiga (mas que já foi estudante e já trabalhou em uma universidade pública), minha opinião é de que o semestre deve simplesmente ser cancelado.
Além dessa questão socioeconômica dos alunos, implantar um curso EaD é um projeto grande e que não pode ser tratado com tanta leviandade. Todo o material precisa ser desenvolvido pensando nessa finalidade. É necessário ter uma estrutura no site da universidade para que o curso seja aproveitado pelas pessoas. E claro, quem ingressa num EaD já sabe disso e já tem em casa as ferramentas necessárias: computador de qualidade, boa conexão, espaço para estudar e manter seus materiais, etc.
EaD de última hora na educação infantil: o que estou presenciando como mãe
A escola que meus filhos estuda é mais tradicional, então não há tanto essa preocupação com recursos digitais. As crianças até tem aula de informática por lá, mas é algo que não está totalmente integrado com o que eles veem em sala de aula. Quero dizer, não é dessas escolas em que todo o material é instalado em um tablet e as crianças obrigatoriamente precisam ter um. Vejam, isso não é necessariamente um problema, já que o ensino da escola é bom. Porém agora precisamos de recursos digitais e percebo que nem a escola e nem os pais tem afinidade com isso.
Pois bem, no comecinho da pandemia eu precisei ir até a escola para pegar as atividades do mais velho. Agora elas tiveram uma ideia de criar um e-mail coletivo para cada turma, onde todos os pais da turma tem acesso a partir da senha. Se a ideia te soou estranha, é mais ou menos assim. Há por exemplo um e-mail chamado alunos_infantil_sala1@servidor.com e uma senha que é alunos453. Todos os pais dessa turma tem acesso a esse e-mail. Isso mesmo, um e-mail que está funcionando como um repositório em que a professora coloca as atividades. Eu achei a ideia funcional, porém péssima. Uma caixa de entrada de e-mail não é para essa finalidade, evidentemente. Seria mais apropriado cadastrar todos os e-mails dos pais e subir os arquivos no Google Docs, por exemplo.
Além desse e-mail, há um portal do sistema de ensino escolhido pela escola que disponibiliza alguns recursos didáticos: joguinhos, livros em pdf, cantigas, etc. Cada aluno tem um usuário e uma senha individuais para acessar esse portal. Deu um mal entendido entre o uso do login/senha e-mail coletivo e o uso do login/senha desse portal.
Bom, eu imagino que problemas semelhantes tenham sido observados em diversas escolas, talvez meus leitores tenham algo a dizer. Além dos pais precisarem ter uma afinidade com o computador e com os recursos digitais de um modo geral, é necessário ter a disposição para ensinar. Paciência e criatividade, na minha opinião, são atributos essenciais. Eu sempre penso na professora que eu gostaria de ter quando eu era criança e isso é o que me norteia, apesar de um pouco subjetivo.
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