
Eu passei algum tempo observando dentro do meu círculo de conhecidos e amigos, além de ver alguns perfis em que mães mostram seu cotidiano e tenho reparado na questão do homeschooling. Tenho dois filhos (o mais novo de 1 ano e meio e o mais velho de quase 5 anos) e eu gosto muito de acompanhar as rotinas das outras mães para trocar experiências e ideias, principalmente nesse momento difícil.
Bom, leram o parágrafo acima atentamente? Eu citei mães duas vezes. Sim, observando na minha “bolha” eu tenho notado que nós temos sido as responsáveis pelo ensino em casa. Não é nenhuma surpresa, até porque eu já tinha notado que nessas mesmas famílias são as mães que acompanham as crianças nas lições de casa.
A grande questão é que além de ensinarmos as crianças, também somos as maiores responsáveis pelo trabalho doméstico. E muitas ainda estão trabalhando fora também. Na área da saúde, principalmente nos trabalhos relacionados à enfermagem, somos a maioria.
Ou seja, tem muita mulher extremamente sobrecarregada nessa pandemia. Entenderam meu ponto? Tem mulheres a beira de um colapso e tem um monte (um monte) de marido que não percebeu isso.
Aqui em casa eu sou a responsável pelo homeschooling. Só que meu marido compartilha as tarefas domésticas comigo na medida das possibilidades dele, já que o volume dele de trabalho fora de casa é muito maior do que o meu. Ou seja, enquanto ensino meus filhos, sei que posso contar com ele para fazer trabalhos domésticos. Eu sei que ele não vai reclamar que o jantar não é o prato elaborado que ele gosta, pois ele sabe que não tivemos tempo. Sei que ele não vai reclamar que eu não guardei as roupas na gaveta, pois ele vai guardar. Felizmente eu tenho essa boa relação de parceria, mas eu percebi que isso não é a realidade em muitos lares. Tem marido que reclama de tudo e tem mulher que diz que o marido dá mais trabalho que os filhos.
Quando eu trabalhava fora de casa, eu sempre reservava um tempo para meu filho mais velho, já que na época ainda não tinha meu pequeno. Nós líamos, jogávamos, fazíamos alguma atividade produtiva em conjunto. Eu sei que muitas mulheres são assim, mesmo cansadas dão um jeito de passar nem que seja 30min de qualidade com seus filhos. Eu tenho uma prima muito querida que tem um filho de 3 anos. Ela trabalha fora de casa e lê com o menino, monta quebra-cabeças, brinca ou conta histórias todos os dias. E são muitas as mulheres que fazem isso. E quando não conseguem passar um tempo de qualidade com os filhos, sentem-se culpadas pois sabem que a importância. Já os homens, muitos não demonstram o mesmo esforço e nem o mesmo remorso. Além de não passarem um tempo de qualidade com os filhos, também não compartilham o trabalho doméstico com suas esposas.
Homens, ajudem em casa. Se não sabem, procurem aprender. No YouTube tem vídeo ensinando até a passar roupa. Tentem ajudar seus filhos no dever de casa, encarem o ensino como uma tarefa nobre e importante para o desenvolvimento da criança. Essas coisas vão fazer vocês valorizarem o trabalho das mulheres, já que além de sermos as maiores responsáveis pelo trabalho doméstico, também estamos em maior número na área de Educação.
Essa cultura machista ainda tão forte no Brasil, principalmente nas áreas distantes dos grandes centros, oprime e sobrecarrega as mulheres. Eu estava conversando com meu marido sobre isso e percebi que em lares onde irmãos e irmãs são tratados igualmente na questão da responsabilidade pelas tarefas domésticas, todos saem ganhando: mulheres ficam menos sobrecarregadas, homens aprendem a cuidar da casa, meninas aprendem que homens devem ajudar, os envolvidos aprendem sobre o valor do trabalho em equipe, etc.
Procure ter uma conversa muito clara com seu marido para que ele possa entender que ele é co-responsável pela casa e pela educação dos filhos. Eu acredito que os adultos precisam muitas vezes se sacrificar para cuidar dos filhos. Eu não vejo problemas em colocar minha vida em segundo plano, em muitas situações, para garantir o bem-estar do meus filhos. E eu fico feliz por ter um parceiro que também faz isso. Eu acredito que o que frusta mais as mulheres é constatar que esse sacrifício é unilateral. Quando a gente divide, o trabalho fica mais fácil para todos.
Homens, tentem ajudar seus filhos. Talvez você tenham um talento natural para lidar com as crianças. Talvez exista algum tópico que você explique melhor que sua esposa. Quando eu era criança, meu pai nos ajudava nas tarefas de Matemática e explicava essa matéria melhor que minha mãe. Nas tarefas de Língua Portuguesa e Artes, minha mãe sobressaía. Você só vai saber se tem jeito para ensinar se tentar ensinar. Tente, transmita conhecimento para seus filhos. E aproveite essa oportunidade para valorizar o trabalho das professoras.
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