
A ausência do olhar. A ausência das expressões corporais. Mensagens rápidas, sem pensar direito, numa urgência de expressar opiniões. Gafes, muitas gafes são cometidas porque a gente não pensa direito ou porque lemos tudo muito rapidamente, lemos errado e respondemos com nosso complexo-R. Tudo sem tempo de absorver, rever e reagir usando todas as partes do cérebro para elaborar uma boa resposta.
Tudo feito em mensagens muito rápidas, alguns caracteres, porque é o limite da rede social ou porque ninguém vai ler se eu escrever muitas palavras. Tudo respondido num atmo de tempo, porque há a urgência de ser o first. Todos querem ser o primeiro a dizer.
Nós não estamos nos comunicando direito. Sem nos encontrarmos e sem nos abraçarmos, sem olhar nos olhos, sem ver aquele movimento com os pés que eu faço quando estou impaciente.
Não estamos nos entendendo.
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Escrevi um tweet banal outro dia e uma amiga não entendeu meu ponto e ficou chateada. Felizmente ela dialogou comigo e depois pode entender o que eu queria dizer de fato. E ficou tudo bem.
Noutra vez foi um texto daqui do blog. Uma pessoa muito querida leu e não entendeu, porque ela nunca tinha vivido a realidade que eu descrevia lá e ela acreditou que eu estava afastando pessoas da minha vida. E eu escrevi num momento de muito stress, o que deixou o texto com um tom amargurado. Eu esclareci, conversamos e ficou tudo bem. Mas quantos leem coisas que escrevo, ficam chateados e não conversam? E com quantas pessoas eu fiz exatamente a mesma coisa?
Quantos blocks ou mutes a gente dá porque não quer discutir o assunto… Não estou falando de desconhecidos. Temos ignorado tios, primos, pai, mãe, irmão, amigos de infância e outras pessoas bem próximas. Porque julgamos que (apenas) nosso ponto está correto (será que está?) e nossa vontade em entender o ponto de vista do outro é mínima (ou ausente).
Estamos nos desfacelando.
O que vai ser de nós quando tudo isso acabar?
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