
O impulso de tomar nota das coisas é peculiarmente compulsivo, inexplicável para quem dele não compartilha, é útil apenas de maneira acidental, secundária, da maneira como qualquer compulsão tenta se justificar.
Didion, Joan. Rastejando até Belém (p. 114). Todavia. Edição do Kindle.
Eu tenho vários cadernos. Enquanto eu pensava sobre escrever a respeito disso, fiz uma lista dos meus cadernos:
- um caderno de colagens artísticas
- um junk journal
- um caderno estilo BuJo/diário (*)
- um caderno de devocionais
- um caderno tamanho molesquine que uso para guardar na bolsa e anotar coisas que me ocorrem de última hora. (*)
- um caderno com anotações de pautas/roteiros para podcasts e etc. (*)
Os cadernos que marquei com (*) são os mais importantes para meus estudos e para minhas produções de conteúdo na internet. Eu não consigo simplesmente anotar as coisas em agendas do celular (embora eu as use para anotar datas e horários de compromissos e não esquecer). Eu sou daquele tipo de pessoa que precisa escrever a mão. Isso é bastante importante para mim e me dá uma certa sensação de controle muito ilusória, mas tudo bem.
Eu trabalho em casa a maior parte do tempo. E na maior parte do tempo, nesse momento, meu trabalho envolve cuidar da casa e dos meus filhos. Eu tenho muito medo de esquecer quem eu sou, do que eu gosto, do que sei fazer, do que me é particular, etc. Já vi muitas mulheres se perderem enquanto se dedicam a essas nobres atividades, normalmente porque a própria família não as valoriza. Talvez ter um caderno e anotar minhas ideias nele faça com que eu sempre em encontre e me (re)descubra.
Há dias que os afazeres domésticos e o cuidado com os filhos me sequestram. Eu termino o dia com aquela impressão autossabotadora de que não fiz nada, não produzi nada, não criei nada, etc. Ter um caderno me faz observar, olhando as datas em retrospecto, que eu faço coisa pra caramba! Eu escrevo vários textos por semana, crio pautas, leio livros, pesquiso, tenho ideias para textos novos, ideias para atividades novas, faço cursos, etc. Quando olho para tudo aquilo que escrevi e penso em como eu terminei o dia com meus filhos bem alimentados e felizes, percebo que foi um dia bom. Eu percebo que venci o dia: em klingon – jaj vIghaj.
Então é isso, os cadernos me fazem perceber que venci.
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