Eu nem assisto Big Brother e nem falo isso para parecer “culta” ou “sofisticada”, porque isso não tem nada a ver. Eu não assisto porque a antena daqui de casa está ruim e eu não tenho muita paciência com esse formato de programa. Mas eu conheço muita gente que assiste, me passam alguns vídeos, as pessoas comentam, leio algumas notícias sobre o programa. Enfim, é o tipo de coisa que muita gente que você conhece ou acompanha nas redes sociais assiste e você fica sabendo do que se trata. Estou pontuando essas coisas pra explicar que esse não é um texto sobre a dinâmica do Big Brother e para que me desculpem se eu confundi o nome de algum participante ou algo do tipo.
Quero falar sobre um acontecimento recente da atual edição do programa, em que um participante chamado Rodolffo fez um comentário racista sobre o cabelo afro do participante João. Depois ele tentou se justificar e acho que todos meus leitores já viveram tempo o suficiente nesse mundo para saber que em situações assim, quando se tenta explicar, a emenda sai pior que o soneto.
Esse tipo de situação é conhecida por todos nós. Repetitiva e até cansativa:
– A pessoa faz um comentário racista.
– A pessoa é confrontada
– A pessoa diz que não é racista e pode usar alguns argumentos horríveis e sem sentido:
- tenho amigos negros
- já namorei uma pessoa negra
- minha avô é negra
- meu tio casou com uma negra
- meu chefe é negro
- minha cachorra é pretinha (esse último é novidade para mim e inacreditável, o que pode surgir depois disso?)
Meus leitores, é quase um bingo, tamanha a repetição! É horrível, é cansativo e a gente não sai do lugar sempre desse jeito igual e sem vontade de transformar,
Eu disse algo racista, e agora?
Bom, tudo o que eu falar aqui vai ser a opinião de uma mulher branca (dentro da noção de branquitude do brasileiro) que já errou muito nessa vida e continua errando. Mas pela misericórdia de Deus e pela verdade que Jesus disse que eu iria conhecer, estou aprendendo diariamente.
Você por estar imerso numa sociedade racista falou uma imbecilidade que talvez sempre tenha escutado em sua família. Um belo dia, alguém de fora desse círculo te avisa que seu comentário ou atitude foi racista. O que você tem que fazer?
- Reflita bastante;
- Se começarem a te xingar, tranque suas redes sociais e dê um tempo;
- Reflita bastante de novo;
Você provavelmente foi racista sim. Pense, peça desculpas. Não caia na armadilha do “Racista, eu?”. Todo mundo que cai nessa acaba falando todas aquelas bobagens que comentei antes. Não entre nesse ciclo de repetição.
Quer um exemplo legal? A Ana Maria Braga. Recentemente ela falou algo sobre racismo reverso. Criticaram o que ela disse, muita gente deve ter explicado numa boa e com educação. Deve ter tido muito hate também, mas enfim, ela teria de qualquer maneira, porque haters gonna hate.
Pois bem, ela aprendeu e se desculpou e em sua mensagem, ressaltou a importância de aprender sempre. Ana Maria nos ensinou o que devemos fazer. Agir com humildade, demonstrando um coração aberto para o aprendizado.
Ana Maria foi surpreendente. Porque ela poderia ter feito o que muitas pessoas – inclusive pessoas famosas – fazem em situações assim. Publicam uma nota longa, cansativa, com todos aqueles argumentos ruins, repetitivos e constrangedores que eu mencionei anteriormente. Alguns chegam a publicar fotos com pessoas negras para justificar que não são racistas. Tem de tudo, mas não tem arrependimento, aprendizado e exemplo. Ana Maria demonstrou grandeza em sua humildade e ainda foi um exemplo para seus admiradores.
Humildade e críticas
Claro que eu já fui racista, até porque estamos imersos numa sociedade que é racista. Certas coisas muito sutis e crueis foram normalizadas, mas a gente pode e deve aprender a pensar diferente.
Não estou aqui lembrando de uma situação onde fui racista nas redes sociais (deve ter tido), mas lembro de uma situação em que fui gordofóbica e vai servir para meu propósito aqui.
Há muito tempo eu fiz um comentário gordofóbico numa situação cotidiana. Eu até tinha escrito sobre isso em um de meus arquivos pessoais e vi que o fato ocorreu em 2012. Fui ver meus pensamentos sobre isso da época e eu tive uma postura muito defensiva: “Gordofóbica, eu? Blablablabla”.
Eu demorei bastante tempo para aprender que fui gordofóbica sim. E quem me alertou foi educado, mas na época eu não tive a humildade para ouvir e compreender.
Revisitando essa situação, percebi o quanto eu era muito resistente à críticas. Ainda sou, mas quando eu era mais jovem, era muito pior. Por muito tempo eu achava que a pessoa me criticava para “me atacar” ou “porque não tinha o que fazer”. Passou um tempo e passei a ignorar críticas. Nada disso é bom, o correto é ouvir e entender. Que loucura essa ideia de que todo mundo é seu inimigo! Mesmo que a pessoa esteja criticando apenas para “lacrar”, vai de como seu coração vai receber aquela mensagem e usar para sua própria evolução.
Por fim compreendi que fui gordofóbica e abri meu coração ativamente para aprender a não ser. Como tinha passado muito tempo e o post se perdeu, nem tive como escrever uma mensagem com um pedido de desculpas. Mas meu aprendizado ficou: eu não devo ser gordofóbica (racista, homofóbica, transfóbica, etc) e eu devo ter em mim uma vontade de aprender, eu tenho obrigação de cultivar isso ao lado da humildade.
simoescannon rochacannonsantos diz
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